O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou, na noite desta sexta-feira (23), a decisão que censurou reportagens do portal Uol sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo pela família do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As matérias haviam sido tiradas do ar por determinação do desembargador Demétrius Gomes Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que atendeu a um pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A justificativa foi que as reportagens usaram informações sigilosas de investigações criminais anuladas.
Liberdade de imprensa
Na decisão, o ministro Mendonça disse que a plena liberdade de imprensa é "categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura".
"No Estado Democrático de Direito, deve ser assegurado aos brasileiros de todos os espectros político-ideológicos o amplo exercício da liberdade de expressão. Assim, o cerceamento a esse livre exercício, sob a modalidade de censura, a qualquer pretexto ou por melhores que sejam as intenções, máxime se tal restrição partir do Poder Judiciário, protetor último dos direito e garantias fundamentais, não encontra guarida na Carta Republicana de 1988", escreveu.
Reportagens
As reportagens censuradasdo Uol mostram que a família Bolsonaro negociou, desde 1990, 107 imóveis, sendo que 51 deles foram comprados total ou parcialmente com dinheiro vivo.
O uso de dinheiro em espécie não constitui crime, mas quando é utilizado em grandes volumes, sem passar pelo sistema financeiro, gera suspeitas sobre a legalidade da sua origem.
Além das matérias jornalísticas, o desembargador também havia determinado a remoção de publicações nas redes sociais sobre o assunto.