Senador flagrado pela PF com dinheiro na cueca pede licença de 90 dias do mandato

O parlamentar foi alvo, na quarta-feira (14), de uma operação da Polícia Federal em Roraima, quando agentes o flagraram com dinheiro vivo na cueca

Escrito por FolhaPress ,
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Legenda: O senador Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro escondido na cueca pela Polícia Federal, pediu afastamento do mandato
Foto: Agência Senado

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro escondido na cueca, pediu afastamento do mandato nesta terça-feira (20). De acordo com a defesa do senador, o afastamento solicitado é pelo período de 90 dias.

"Pediu 90 dias, irrevogável, irretratável e sem recebimento de salários no período", afirmou o advogado do parlamentar, Ticiano Figueiredo.

O senador era vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Casa e deixou o posto. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, em Boa Vista, em operação que apura desvios em verbas de combate à Covid-19, na última quarta-feira (14).

De acordo com informação da Polícia Federal enviada ao Supremo, o parlamentar escondeu R$ 33.150 na cueca. Desse total, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas.

Na tarde desta segunda-feira (19), Rodrigues, que era titular do conselho de ética, pediu desligamento do colegiado. O senador também já se desligou da comissão especial que analisa os gastos do governo com a pandemia causada pelo novo coronavírus.

Com seu afastamento da Casa, o filho do senador, Pedro Rodrigues (DEM-RR), é quem assume o mandato. Ele é primeiro suplente do cargo.

Nesta segunda-feira (19), o senador Jayme Campos (DEM-MT), presidente do conselho de ética do Senado, defendeu que Rodrigues pedisse licença do mandato por 120 dias. Se a orientação tivesse sido aceita, Rodrigues teria 30 dias a mais para se defender do que o tempo do afastamento determinado pelo ministro Luís Roberto Barroso.

Na quinta-feira (15), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que o congressista fosse afastado do mandato por 90 dias. A decisão final, contudo, cabe ao Senado, que precisa votar o afastamento em plenário.

Com o afastamento solicitado pelo próprio senador, Rodrigues poupou o plenário do Senado de tomar a decisão. Com isso, o processo que o ex-vice-líder do governo é alvo no Conselho de Ética da Casa poderá seguir seu trâmite, sem a presença do senador na Casa.

Na sexta-feira (16), a Folha de S. Paulo mostrou que um grupo de senadores têm articulado um movimento para analisar no conselho de ética o caso de Rodrigues, retardando, com isso, a decisão do Supremo. Os congressistas falam em mandar um recado ao STF para limitar a ação do Judiciário sobre o Congresso.

Parte dos senadores defende que, antes de ser afastado, como quer Barroso, Rodrigues seja julgado pelo conselho de ética. Com isso, eles contornariam a decisão, por ora monocrática, e dariam mais tempo a Rodrigues para se defender, antes de o caso ir ao plenário do Senado.

A liminar (decisão provisória) será analisada pelo plenário do STF nesta quarta-feira (21). O julgamento foi marcado pelo presidente da corte, Luiz Fux, a pedido de Barroso. Ainda na sexta-feira, o conselho de ética recebeu uma representação por quebra de decoro parlamentar contra Rodrigues. Rede e Cidadania querem a cassação do mandato do senador, agora licenciado.

O senador Campos já encaminhou à advocacia do Senado a representação por quebra de decoro parlamentar ingressada pelos dois partidos. Ainda não há prazo para a entrega do parecer.

Após essa manifestação, Campos irá definir se aceita ou não a representação. Em caso positivo, tem início o processo no conselho de ética da Casa.

"O que aconteceu foi muito ruim, deixou muito senador constrangido, o próprio Chico deve estar constrangido. Mas, sobretudo, vou cumprir minha parte como presidente do conselho de ética e o que o manda o regimento interno da Casa", disse.

Titular do colegiado, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), criticou a sugestão de Campos. Para ele, Rodrigues deveria renunciar ao mandato.

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