Em meio à pandemia, Bolsonaro demite Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde

Nesta semana, o médico já havia comunicado à sua equipe sobre risco de exoneração. Decisão foi anunciada após reunião entre Mandetta e Bolsonaro, nesta quinta, no Palácio do Planalto

Escrito por Redação ,
Legenda: As divergências sobre o isolamento social eram o principal impasse entre o Ministro da Saúde e o Presidente
Foto: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) confirmou, nesta quinta-feira (16), a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após uma série de divergências entre os dois sobre estratégias de enfrentamento da Covid-19 no País. O presidente convidou o oncologista Nelson Teich para assumir o lugar de Mandetta. A expectativa é a de que o anúncio ocorra nesta quinta.

No início desta semana, o ministro havia alertado sua equipe sobre sua possível exoneração. Após o anúncio de Mandetta, o Secretário de Vigilância em Saúde e referência em epidemiologia, Wanderson de Oliveira, pediu demissão do cargo na última quarta-feira (15), mas o então ministro não aceitou a demissão do auxiliar.  Na tarde desta quinta, após reunião com Bolsonaro no Palácio do Planalto, o próprio Mandetta confirmou a saída do Ministério.

"Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar", escreveu o médico no Twitter.

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"Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso País", completou Mandetta.

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Mandetta foi um dos primeiros ministros anunciados no Governo Bolsonaro, no entanto, as divergências entre ele e o chefe do executivo vinham se estendendo desde o início da pandemia do coronavírus no País. O presidente já havia revelado intenção de exonerar o ministro do cargo.

Em entrevista ao Fantástico no último domingo (12), Mandetta disse que "[o brasileiro] não sabe se escuta o Ministro da Saúde ou escuta o Presidente", mas ressaltou a importância de uma fala única no governo, que não levasse "dubiedade" à população. Para o Planalto, a entrevista do Ministro na TV "força" a sua demissão.

Mandetta não era o único ministro a discordar de Bolsonaro quanto ao posicionamento sobre as medidas de quarentena. Dois dos nomes mais expressivos do primeiro escalão, Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e Paulo Guedes, da Economia, já se declararam publicamente favoráveis às medidas de isolamento social. Mas, diante de um cenário de pandemia, o epicentro do desgaste é o Ministério da Saúde.

O brasileiro é o terceiro ministro da Saúde do mundo a ser substituído desde o início da pandemia no novo coronavírus. Ministros da Saúde do Equador e do Peru também já foram substituídos.

Cotados

Nomes como o do deputado gaúcho Osmar Terra, ex-ministro da cidadania, chegaram a ser cotados para a sucessão no comando da Pasta da Saúde. Além de Terra, os nomes do virologista Paolo Zanotto, do anestesiologista Luciano Azevedo, da oncologista Nise Yamagushi e do médico e contra-almirante Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, também foram cogitados para o cargo.

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