Inquérito sobre acusações de Moro pode ficar com ministro indicado por Bolsonaro

Jair Bolsonaro escolhe o próximo nome para o STF; o inquérito pode ser repassado ao sucessor de Gilmar Mendes

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou, nesta terça-feira (28) que, com sua saída da Corte, prevista para novembro, o herdeiro do cargo poderá ficar responsável pelo inquérito que apura as denúncias de Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro

Segundo Mendes, se chegar novembro e a investigação não estiver concluída, "em princípio" o processo irá para seu sucessor, cujo nome será indicado pelo presidente. Este herdará os processos do ministro Celso de Mello, que autorizou na segunda-feira (27) a abertura de inquérito para apurar as declarações de Moro de que Bolsonaro quis interferir na Polícia Federal.  

Mendes sinalizou ainda que o inquérito também investiga eventual "falta de independência" do delegado Alexandre Ramagem na chefia da Polícia Federal (PF), tendo em vista possíveis "vínculos pessoais" dele com o presidente. Em foto postada em redes sociais, Ramagem aparece em uma festa ao lado de Carlos Bolsonaro, que é alvo de apuração da PF.

"Essas questões certamente serão discutidas no inquérito e poderão ser impugnadas no âmbito judicial comum", afirmou ainda o ministro.

Inquérito pode durar até quatro meses

Na avaliação do ministro do STF, o inquérito pode ser concluído em três ou quatro meses. Gilmar diz que é necessário aguardar a conclusão das diligências requeridas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e que, a partir de então, pode haver uma conclusão. "Até porque os fatos não são complexos assim", afirmou Gilmar. 

"São depoimentos que podem ser colhidos rapidamente, eventualmente juntada de provas, comunicações. Não me parece algo que exija perícias, algo extremamente complicado, de modo que pode ser que em 90, 120 dias isso já esteja concluído", completou.

Celso de Mello deu 60 dias para que Moro seja ouvido pela Polícia Federal e pediu para que sejam apresentadas provas de corroboração da denúncia feita pelo ex-chefe da Justiça.