O Governo Federal formalizou nesta terça-feira (30) a reforma ministerial anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro. A troca nas pastas da Advocacia-Geral da União, Casa Civil, Defesa, Justiça, Relações Exteriores e Secretaria de Governo foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
A substituição em série dos titulares dos ministérios ocorreu após o chanceler Ernesto Araújo virar alvo de pressões dentro e fora do governo pelo desempenho ruim à frente da política externa do País e nas negociações por vacinas e pedir demissão do cargo.
Dessa forma, a vaga no Itamaraty será ocupada pelo embaixador Carlos Alberto Franco França, que estava na chefia da assessoria especial da Presidência.
Nessa segunda-feira (29), o general Fernando Azevedo e Silva também anunciou sua saída do Ministério da Defesa. A pasta agora será chefiada pelo general Walter Braga Netto, antes chefe da Casa Civil, que passará a ser comandada por Luiz Eduardo Ramos, que sai da Secretaria de Governo.
Já para o cargo de Ramos, que atuava como o principal articulador do Planalto com o Congresso, entrou a deputada Flávia Arruda (PL-DF), reforçando a participação do Centrão no governo.
Centrão
Flávia, então presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) é uma das principais lideranças do PL, um dos partidos que integram o Centrão. O cargo ao Centrão é mais um gesto de Bolsonaro para o grupo, que tem hoje o Ministério da Cidadania, comandado pelo deputado João Roma (Republicanos-BA).
O agora ex-advogado-geral da União, José Levi, também pediu exoneração e a AGU voltará a ser chefiada por André Mendonça, que havia assumido a Justiça e Segurança Pública após a saída do ex-juiz Sérgio Moro.
Levi deixou o cargo depois de se recusar a assinar a ação apresentada pelo presidente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar decretos editados pelos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul sobre "toque de recolher" para conter a disseminação de Covid-19.
Com o retorno de Mendonça para a AGU, a pasta da Justiça será liderada pelo delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres, que ocupava o cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Confira o perfil dos novos ministros das seis pastas:
- - Relações Exteriores: Carlos Alberto Franco França
O embaixador Carlos Alberto Franco França é formado em Direito e entrou na carreira diplomática no ano de 1991. Apesar disso, não foi embaixador no exterior e nem ocupou cargos de chefia no Itamaraty. França atuou como chefe do cerimonial da Presidência da República. Atualmente, era assessor-chefe na Assessoria Especial do Presidente.
- - Defesa: Walter Braga Netto
General da reserva do Exército desde 20 de fevereiro de 2020, quando assumiu a Casa Civil, Braga Netto ficou conhecido nacionalmente há três anos após chefiar a intervenção federal no Rio de Janeiro a mando do então presidente Michel Temer (MDB). Na gestão de Bolsonaro, ele assumiu primeiramente o comando do Estado-Maior do Exército.
- Casa Civil: Luiz Eduardo Ramos
Luiz Eduardo, general quatro estrelas da reserva, é amigo pessoal de Bolsonaro. Desde 2019, estava na Secretaria de Governo como articulador entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional.
- Secretaria de Governo: Flávia Arruda
Membro do Centrão, Flávia Arruda é casada com o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que foi preso e teve o mandato cassado por envolvimento no mensalão do DEM. Na Câmara, a parlamentar é autora de uma lei que autoriza estados e municípios a resgatarem R$ 1,5 bilhão do Fundo Nacional da Assistência Social para aplicação em ações de assistência.
- Advocacia-Geral da União: André Mendonça
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, o também e pastor presbiteriano André Mendonça assumiu o Ministério da Justiça e Segurança Pública logo após a saída de Sérgio Moro. Antes de chegar à AGU, ele trabalhou como corregedor-geral do órgão, entre 2016 e 2018.
- Justiça e Segurança Pública: Anderson Torres
Anderson Gustavo Torres é delegado federal e foi por anos chefe de gabinete do ex-deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), um dos primeiros parlamentares no Congresso a abraçar, em 2018, a campanha de Bolsonaro ao Planalto. Para assumir o novo cargo, ele deixou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que o tinha como titular desde o início de 2019.