Governo Bolsonaro e Congresso Nacional ensaiam reconciliação

Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia sinalizaram a intenção de acalmar os ânimos e retomar a articulação política no Congresso

Após os recentes atritos entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, esboçou-se, nesta segunda-feira, em Brasília, um movimento de reconciliação, pelo menos nos discursos públicos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, nesta segunda-feira, ser a hora de evitar polêmicas e de trabalhar para "diminuir a temperatura".

Em reunião com ministros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicou a disposição de construir uma relação harmônica com o Legislativo, sobretudo com Maia. O fim de semana foi marcado por trocas de declarações ríspidas entre Bolsonaro e Maia em torno da tramitação da reforma da Previdência.

Segundo relatos ouvidos pela reportagem, Bolsonaro disse que não criticou Maia e que não tem interesse que a relação entre ambos não seja pacífica. Maia tem criticado a postura do presidente e aliados com relação à tramitação da reforma, colocando-se fora do centro da articulação para a aprovação do texto. Em meio ao bate-boca público, Bolsonaro disse que a reforma é assunto do Congresso.

Nesta segunda-feira, Maia negou, em entrevista ao blog de Andréia Sadi no G1, que esteja em curso um "troco" nesta semana de parlamentares insatisfeitos ao Governo Bolsonaro. Ele defende, por exemplo, que a Câmara não vote a derrubada do decreto anunciado por Bolsonaro que libera turistas americanos e de outros países de visto para entrada no Brasil. Parlamentares avaliavam derrubar o decreto para dar uma espécie de recado ao Governo, irritados com o tratamento do presidente ao Congresso.

Negociação

Já Bolsonaro deseja uma atuação mais direta do seu Governo na negociação da reforma previdenciária com a Câmara dos Deputados, tarefa a ser capitaneada pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil).

O ministro Paulo Guedes (Economia) também tem conversado com Maia e Bolsonaro. Ainda atuam nas conversas lideranças do Congresso e o vice-presidente, general Hamilton Mourão.

Para um auxiliar do presidente, não há problema de falta de apoio para a agenda definida pelo Governo. O que atrapalha na relação entre os poderes, na visão dele, é a ausência de clareza do papel que os partidos políticos terão.

Interlocutores recomendam que Bolsonaro ofereça alguma forma de participação das legendas, que não precise passar pela distribuição de cargos e emendas parlamentares. Defendem que o presidente chame pessoalmente os presidentes dos partidos para uma conversa.

Mourão afirmou que "o diálogo é sempre bom" e disse que haverá uma conversa para pacificar os ânimos entre os dois poderes. "Três aspectos são importantes nessa relação: clareza de ideias, determinação na busca do objetivo e paciência no diálogo", respondeu Mourão ao ser questionado sobre qual o caminho para a solução da crise.

Negando o caos
“Não tem caos nenhum”, afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia), minimizando a recente troca de acusações entre Bolsonaro e Rodrigo Maia, sobre a negociação da reforma da Previdência

Interlocução prometida 
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que Bolsonaro está disposto a se reunir com presidentes de partidos e lideranças no Congresso para garantir a aprovação da reforma