Deputado autoriza quebra de sigilo após denúncias; parlamentares cobram punição para André Fernandes

O deputado Nezinho Farias entregou ao Ministério Público autorização para a quebra do seu sigilo bancário e telefônico e afirmou que renunciaria caso as denúncias contra ele fossem comprovadas

O deputado Nezinho Farias (PDT) disse, na manhã desta terça-feira (18), na sessão da Assembleia Legislativa, ter entregue ao Ministério Público Estadual uma autorização de quebra do seu sigilo bancário e telefônico. A ação foi uma resposta à denúncia feita pelo colega André Fernandes (PSL) de que Nezinho poderia ser membro de facção criminosa. Nezinho voltou a negar as acusações e afirmou que renunciaria ao mandato, caso se "encontre alguma coisa nessa denúncia".

O pedetista faz longo discurso na Casa, para refutar a acusação, com a solidariedade de parlamentares de vários partidos, que cobraram punições “exemplares” da Assembleia Legislativa contra o deputado do PSL e agilidade do Conselho Ética da Casa. André, que está em eventos políticos em Brasília, não compareceu à sessão.

A bancada do PDT prepara uma representação contra Fernandes no órgão. Está marcada para esta quarta (19) uma reunião da Executiva Estadual do partido, em Fortaleza, para deliberar sobre o assunto. 

Em uma denúncia de três páginas protocolada na última sexta-feira (14), André Fernandes sustenta, a partir de "informações trazidas" por fontes não citadas, que Nezinho teve a campanha eleitoral financiada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em troca, segundo Fernandes, o pedetista teria o "dever" de apresentar e aprovar um projeto que "viesse a fortalecer atividade desempenhada pela facção". 

No documento, Fernandes diz que o projeto de lei apresentado por Nezinho, para regulamentar jogos eletrônicos no Estado, atenderia aos interesses da facção e serviria para fortalecer a lavagem de dinheiro através do "jogo do bicho". 

Curiosamente, a proposta, alvo da denúncia de André Fernandes, recebeu voto favorável do deputado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), no último dia 4. Ele é membro titular do colegiado e não levantou questionamentos na época sobre o projeto. 

Discursos

Nezinho Farias disse estar indignado. “Digo que, se o Ministério Público ou essa Casa, encontrar alguma coisa que está nessa denúncia, assino minha renúncia e deixo guardado com vocês para não colocar essa Casa em constrangimento. Eu tenho coragem de renunciar ao meu mandato. Eu não cheguei ontem aqui por redes sociais, cheguei ralando”, alfinetou. 

Outros colegas parlamentares se uniram a Nezinho e cobraram punições a André Fernandes. 

Para o deputado Evandro Leitão (PDT), a Casa não pode tolerar esse tipo de comportamento. “Como eu voto favoravelmente ao projeto e depois digo que esse projeto eu estou vinculando a facções criminosas? É uma coisa sem pé nem cabeça, chega a ser risível. Chega a ser algo que vai além da política. Essa Casa tem que agir exemplarmente”.

João Jaime (DEM) acha que não deve ser feita “caça às bruxas”, mas é preciso tratar com firmeza essa situação. “Ele (André Fernandes) sabe o efeito que isso causa. Precisa o Ministério Publico ser rápido", afirmou o deputado.