Os médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves são ouvidos na CPI da Covid nesta sexta-feira (18). Além das oitivas dos profissionais, os senadores pretendem votar uma série de requerimentos nesta sessão, que inicia às 9 horas.
Ao convidar os profissionais de saúde, os parlamentares desejam conhecer as justificativas e opiniões de especialistas que são a favor do chamado "tratamento precoce" da doença causada pelo novo coronavírus.
Quem é Ricardo Ariel Zimerman
Convidado a partir dos requerimentos dos senadores Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Marcos Rogério (DEM-RO), Zimerman é médico infectologista e ex-presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar.
“Vemos as pesquisas científicas e as políticas públicas sendo construídas dia a dia, minuto a minuto, em cima de casos, dados e estatísticas divulgados que ainda vão demandar muitas pesquisas adicionais. Pensamos que a convocação de Zimerman será de importância singular para que exponha sua atuação e seus conhecimentos sobre o assunto”, justificou Marcos Rogério sobre a solicitação.
O médico defende, em uma entrevista concedida a uma emissora de rádio, que medicamentos para o "tratamento precoce" da Covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina, já possuem eficácia comprovada. No entanto, não existem estudos que provem de fato a eficácia dos medicamentos.
Em janeiro deste ano, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) afirmaram, em nota conjunta, que “as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no tratamento precoce para a Covid-19”.
Quem é Francisco Eduardo Cardoso Alves
Convidado a partir de requerimentos dos parlamentares Jorginho Mello (PL-SC), Ciro Nogueira (PP-PI) e Heinze, Alves é especialista em Infectologia pelo Instituto Emílio Ribas e diretor-presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP).
“O doutor Francisco Eduardo Cardoso Alves possui ampla experiência na área clínica em doenças infectocontagiosas, parasitárias e tropicais (consultório, ambulatório, enfermaria, emergência e terapia intensiva), e como médico intensivista plantonista em hospitais de doenças infecciosas, tanto da rede pública quanto privada”, afirma Ciro na solicitação.
Alves é apontado como um dos coautores da nota informativa do Ministério da Saúde que dava orientações para o "tratamento precoce" da Covid-19.
Requerimentos
Nesta sexta-feira devem ser votados cerca de 14 solicitações de transferência de sigilo, convocação e pedidos de informação, que estão na pauta da comissão. Segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), serão apreciados, inclusive, requerimentos recém-apresentados na quarta-feira (16).
Dos 484 requerimentos já votados — entre eles 101 convocações, 37 convites, 29 transferências de sigilo e 307 pedidos de informação — apenas quatro foram rejeitados. No total, aguardam apreciação 317 solicitações.
Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) são autores dos pedidos de diligência para que o ex-governador Wilson Witzel seja ouvido em reunião reservada, já que ele afirmou em depoimento que teria “fatos gravíssimos” a revelar sobre a intervenção do Governo Federal no combate à pandemia, mas que apenas o faria a portas fechadas.
Ainda há devem ir à apreciação os requerimentos de convocação do empresário Carlos Eduardo Sanchez, CEO da EMS. Os senadores Randolfe e Alessandro pedem ainda a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático, assim como da empresa de produtos farmacêuticos que comanda.
As solicitações foram motivadas por um telegrama secreto do Ministério das Relações Exteriores, de posse da CPI, que trata da transcrição de um telefonema entre presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em favor das empresas EMS e Apsen para exportação de insumos utilizados na fabricação de hidroxicloroquina.
“Para que o colegiado possa entender adequadamente a sua [de Sanchez] relação com o presidente da República e o Ministério da Saúde, sobretudo no tocante ao aparente uso de dinheiro público para o financiamento da produção de enormes quantidades de medicamentos com ineficácia comprovada para o enfrentamento da pandemia”, explicou Randolfe.