Em sua primeira entrevista coletiva como presidente, Jair Bolsonaro (PSL) declarou, sobre a onda de ataques que atinge o Ceará desde quinta-feira (3), que não faria oposição ao povo de qualquer Estado, mesmo se governado por membros de partidos opositores, com o é o cearense Camilo Santana (PT). "Desde ontem à noite, [estou] conversando com o ministro (da Justiça e Segurança Pública) Sergio Moro e tratando desse assunto. Ele foi muito hábil, muito rápido e eficaz para atender inclusive o estado cujo governador reeleito tem uma posição radical a nós", declarou, segundo informações do Uol. A fala foi feita enquanto o presidente participava da cerimonia de posse do novo comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Moretti Bermudez.
O presidente declarou que o apoio não foi enviado antes porque o pedido não havia sido oficializado pelo Palácio da Abolição. Bolsonaro declarou que era preciso "realmente se enquadrar, e havia ofício, informar, dar a real necessidade da presença da Força pela sua incapacidade de resolver o problema", mas que "a Força Nacional já foi contactada, o plano de chamada já foi colocado em vigor e está na iminência de decolar para Fortaleza".
Nesta sexta, o ministro Sérgio Moro autorizou o envio de cerca de 300 agentes e 30 viaturas ao Ceará. Os reforços devem permanecer no Estado pelos próximos 30 dias, reforçando o policiamento ostensivo e apoiando ações de outras forças federais, como as polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
O pedido de apoio foi anunciado pelo governador Camilo Santana na quinta-feira (3), em sua conta em rede social, em meio a outras medidas, como o reforço no policiamento durante a madrugada e a convocação imediata de 220 novos agentes penitenciários e mais de 300 policiais militares. No anúncio, ele também informou que já vinha conversando sobre os ataques com Moro.
Nesta sexta-feira, a onda de ataques segue, com os ataques passando a estender-se também para o interior do Estado, com registros de ataques a prédios públicos e ônibus também em Piquet Carneiro, no Sertão Central, e Morrinhos, na Região Norte. Em Fortaleza, apenas 30% da frota de ônibus circula, com escolta policial.
Os ataques são vistos como uma resposta a declarações do titular da recém-criada Secretaria de Administração Penitenciária, Luis Mauro Albuquerque, de acabar com a separação dos presídios por facção criminosa. "Eu não reconheço facção, a lei não reconhece facção. Então, nós vamos aplicar a lei", declarou na terça-feira (1), na cerimônia de posse do novo secretariado.