Não sei ficar calado, nem para mim mesmo.
Ainda mais quando tenho a me ouvir a numerosa plateia representada pela escassa presença de uma só pessoa: minha "mulé", Araci.
Saio dos muxoxos e vou aumentando os decibéis da minha forma de falar gritando.
Foi Barbara Heliodora, especialista em Shakespeare, que disse: "Temos que falar alto para que sejamos ouvidos."
Claro, se referiu aos atores de teatro.
Como que narrando um filme que acabei de assistir, digo o que estou sentindo: saudade.
De repente, sou envolvido por lembranças, mesmo que esteja ocupado na transmissão de um jogo de futebol.
Subitamente, recordo de pessoas que já se foram. E mesmo de quem não vejo há um bom tempo.
E, também, de fatos que marcaram nossa caminhada nessa vida de "bailarino."
Uma visita inesperada. Dessas que nos levam a uma outra dimensão da alma.
Passo a achar tudo sem o menor sentido.
Indago: "Que porra é essa, se tudo, aparentemente, está bem?"
Mesmo porque basta uma risada de Irene para me tirar do porão.
Como gostava de dizer o saudoso confrade Itamar Monteiro, antes de uma escrachada gaitada: "Qualquer paixão me diverte".
Ou seriam os efeitos desse mundo louco que nos enlouquece e nos leva, de repente, a outras "estações?"
Ao atingir o paroxismo da sensação que nos invade, suspeito que seja o inferno da depressão "tomando chegada".
Aí, dou um drible desconcertante na questão, ao raciocinar como os antigos: "Depressão é uma doença de quem é rico".
Me deixo engabelar pela sentença e emendo outra, bem ao gosto popular: "Sai de mim, abacaxi, que eu tomei leite."
Lembrando o genial frasista e publicitário Carlito Maia: "Se me fecham as saídas, escapulo pela entradas".
Se tocaram?