Com aquela mania de valorizar mais o que é de fora, o torcedor cearense lotou o PV, para conhecer, de perto, o Sparta Praga, Dínamo de Bucareste e Penarol do Uruguai, lá pelos anos 1970.
Era um tempo de escasso intercâmbio, mas com ideias em movimento, no sentido de integrar o próprio futebol brasileiro.
Imaginem como ficava o Nordeste, longe das novidades estrangeiras.
Hoje, vejam só, o Fortaleza está em Buenos Aires, para enfrentar o Independientes, o maior ganhador de títulos da Libertadores da América, em jogo pela Sul-Americana.
E o tricolor do Picí chega a esse jogo histórico no melhor estilo, tirando um bom proveito do acontecimento, em todos os sentidos.
Celebrou o voo até a capital argentina, na companhia dos seus torcedores, conduzindo ídolos de um passado recente – Rinaldo e Clodoaldo – e premiando, com a viagem dedicados funcionários.
Quanto ao jogo – nós contra os argentinos – dá ao Fortaleza a oportunidade fazer parte de uma disputa marcada, no passado, por verdadeiras guerras dentro de campo, fruto de uma grande rivalidade.
A mídia esportiva dos dois países sempre alimentou provocações de ambos os lados, embora seja necessário dizer que as referências argentinas sobre o nosso futebol sempre foram elogiosas dado o nosso modo bonito de jogar.
Recorro a uma frase do antropólogo argentino Pablo Alabarces, que é uma tradução exata do sentimento entre desportistas dos dois países: “Os brasileiros amam odiar os argentinos, e os argentinos odeiam amar os brasileiros”.
Mas, agora, é o futebol cearense que representa o Brasil na competição, oferecendo um tempero bem nosso, sob os olhares de Rogéro Ceni, afeito a esse tipo de disputa.
Posso até afirmar que o tricolor cearense tem, na matriz de sua forma de jogar, características do futebol argentino – velocidade e forte poder de contra-ataque.
Da Argentina, eu gosto de três coisas: do futebol, do tango e do churrasco.