Se a arte não espanta, não é arte.
É outra coisa.
Sem a arte, a vida do homem seria de um vazio absurdo.
Uma alegoria ao nada.
O que busco no futebol, além de algumas observações táticas, é a arte, a poesia, a beleza.
Sem isso, um jogo de futebol é tomado por um tédio insuportável.
Quando o jogo é ruim, meus pensamentos voam para outros lugares.
Bem sei das fragilidades da beleza.
Minha glicose (sou diabético) dá pulos ornamentais, quando escuto: "O que vale no futebol é o resultado. O mais é irrelevante".
A gestão da bola exige arte, para protegê-la e não utilizá-la à esmo.
Na consecução do passe, o que Ganso e Arrascaeta fazem é poesia, é arte.
As bicicletas de Pedro, do Flamengo, e Rony, do Palmeiras, me arrancaram da poltrona, com um berro fescenino que ecoou por todo o apartamento.
A bola vem pelo alto, prestando-se ao cabeceio. O jogador dá um passo à frente, gira o corpo e, de costas para o gol, dá um salto e pega a bola no ar, com os pés.
Um espanto.
Contorcionismo de trapezista.
A bicicleta no futebol foi inventada por Leônidas da Silva, "O Diamante Negro", em 1932, quando ainda defendia o Bonsucesso, do Rio de Janeiro
Arrascaeta, Ganso, Pedro e Rony são coautores dessa croniqueta.
O velho Nelson sempre teve razão: "O que se espera de um clássico do futebol a uma reles pelada é a poesia".