Sobre a arte do futebol

Confira a coluna desta terça-feira (30) do comentarista Wilton Bezerra

Se a arte não espanta, não é arte.

É outra coisa.

Sem a arte, a vida do homem seria de um vazio absurdo.

Uma alegoria ao nada.

O que busco no futebol, além de algumas observações táticas, é a arte, a poesia, a beleza.

Sem isso, um jogo de futebol é tomado por um tédio insuportável.

Quando o jogo é ruim, meus pensamentos voam para outros lugares.

Bem sei das fragilidades da beleza.

Minha glicose (sou diabético) dá pulos ornamentais, quando escuto: "O que vale no futebol é o resultado. O mais é irrelevante".

A gestão da bola exige arte, para protegê-la e não utilizá-la à esmo.

Na consecução do passe, o que Ganso e Arrascaeta fazem é poesia, é arte.

As bicicletas de Pedro, do Flamengo, e Rony, do Palmeiras, me arrancaram da poltrona, com um berro fescenino que ecoou por todo o apartamento.

A bola vem pelo alto, prestando-se ao cabeceio. O jogador dá um passo à frente, gira o corpo e, de costas para o gol, dá um salto e pega a bola no ar, com os pés.

Um espanto.

Contorcionismo de trapezista.

A bicicleta no futebol foi inventada por Leônidas da Silva, "O Diamante Negro", em 1932, quando ainda defendia o Bonsucesso, do Rio de Janeiro

Arrascaeta, Ganso, Pedro e Rony são coautores dessa croniqueta.

O velho Nelson sempre teve razão: "O que se espera de um clássico do futebol a uma reles pelada é a poesia".