Sem futebol, a vida fica meio sem sentido

Quantas vezes perguntei o que seria de nós, se não existisse o futebol, esporte que é uma junção de prazer, vocação, magia, baile, combate, alegrias, tristezas, desespero e afetos.

Nessa disputa, consolida-se a certeza de que as vitórias e derrotas são impostoras.

É, nesse jogo, onde as vitórias não são para sempre e as derrotas não ficam para o resto da vida.

Parte integrante do nosso cotidiano, o futebol nos alegra nos triunfos e consola nos fracassos, por variadas razões.

Pois bem: o futebol, acossado por uma pandemia, foi obrigado a interromper suas atividades, nos empurrando para condição de mais um respirando o ar das multidões.

Nessas férias forçadas, estamos vivenciando situações surrealistas. Os treinamentos físicos e táticos de forma virtual, e os incríveis protocolos assemelhados a cuidados para uma aventura lunar.

A solidão de cada um pelo mundo físico negado, de repente, a um esporte cujas aglomerações são o seu oxigênio.

Para nós, esquisitices a nos remeter aos tempos de um treinador chamado Gentil Cardoso, que usava, para orientações à distancia nos treinamentos, um megafone.

Os planejamentos quebrados pelo medo, mesmo com a possibilidade de retorno gradual, vão produzindo situações econômicas preocupantes.

Mesmo com os planos de redução salarial se renovando, o sinal já foi dado, por grandes e pequenos, de que “o gás acabou”. Isto é, da pedra não sai mais leite.

Como venho dizendo, arriscar uma previsão para a volta do futebol é apostar no erro. E como disse o ex-ministro Malan: no Brasil é difícil prever até o passado.

Pegando o gancho de um dono de time da Europa, diríamos que viver sem futebol é possível. Mas, que a vida fica meio sem sentido, também, é verdade.