O futebol está na alma do povo brasileiro, e os clubes pertencem às torcidas.
Bonito ouvir isso, mas nem sempre esse pertencimento é bem compreendido, plenamente, na ordem normal.
Nos últimos anos, com o surgimento das torcidas organizadas, as relações entre clube e torcedor receberam borrifadas de um veneno feito de ódio.
A “bulimia de vitórias” foi o elemento compulsivo que se instalou, e criou a obrigação do triunfo sem autorização para perder.
Do contrário, a invasão de treinos, insultos e tentativas de agressão a jogadores em aeroporto e apedrejamento de ônibus do clube como ocorreu recentemente com o São Paulo.
Como já destaquei em comentários anteriores, o ato de torcer se transforma numa enfermidade alimentada por fanatismo e outros interesses.
Ao contrário dos anos anteriores o Ceará está em paz com a sua torcida sem as risíveis listas pedindo o “impeachment” do presidente do clube, afora as citações desrespeitosas nas redes sociais.
Para os nossos lados, apesar de uma rotina nervosa da torcida do Fortaleza, pode-se dizer que manifestações selvagens não passaram nem perto desta terra de vento e calor.
No Fortaleza, o presidente Marcelo Paz julgou necessária uma “entrevista-desabafo” para explicar que o trabalho desenvolvido no tricolor não comporta irrealidades, embora compreendendo a aflição causada pelos maus resultados.
A ida de torcedores a um treino do clube, com o fito de cobrar dos jogadores, não foi evitada, mas não produziu maiores “escoriações”.
O voo de águia do Ceará nesta temporada só precisa de uma coisa: continuação.
No Fortaleza, continuar na primeira divisão estará de excelente tamanho: não se ganha sempre.