No futebol de Juazeiro do Norte dos anos 1960, o Flamengo, time pequeno que disputava o campeonato local, contava em suas fileiras com um zagueiro que mordia os atacantes.
Tratava-se de Goró, negrão forte, meio pesadão e sem a mobilidade ideal para acompanhar os adversários em jogadas de velocidade.
Para queimar etapas, no combate direto, não contava conversa. Partia para dentadas no sentido de intimidar e parar os atacantes.
O que mais sofreu com o uso dos dentes por parte de Goró foi o excepcional centroavante Joãozinho, do Icasa.
Como o atacante icasiano geralmente levava vantagem na disputa, a torcida presente ao velho e acanhado estádio da Liga Desportiva Juazeirense (LDJ) se levantava e gritava:
Morde, Goró! Morde, Goró!
Goró não decepcionava, e mordia mesmo.
Dupla de ataque: Carestia e Botija
Quando a gente era criança a subida dos preços não se chamava inflação.
O aumento do custo de vista era conhecido pelo nome de carestia.
Já que o assunto é economia, vale lembrar uma lenda que alardeava a existência de botijas recheadas de dinheiro. Elas seriam enterradas (não se sabe por quem) em buracos pelo chão.
Quem as encontrasse tirava a sorte grande e podia fazer a posse de rico.
Mas esquisito mesmo foi nos depararmos no terreno do inusitado, lá pelos anos 1970, com um atacante do Atlético de Souza-PB, camisa nove e tremendo artilheiro chamado Carestia.
Como a Paraíba é terra de forró e gente para lá de irreverente, o time atleticano tinha, para completar, como companheiro de Carestia um outro bom atacante que respondia pelo nome de Botija.
De caraterísticas diferentes, um articulava e o outro goleava.
Quer dizer: a carestia (inflação) era socorrida pela botija.
Os dois eram muito bons de bola e isso pude constatar.