Quando falo e escrevo sobre Praxedes Ferreira, faço questão de ir além dos “causos” folclóricos que o cercaram em sua trajetória como treinador de futebol em Juazeiro do Norte
Praxedes foi homem de todos os instrumentos na vida e no esporte.
Foi pescador, alfaiate, dono de restaurante, treinador, fundou e dirigiu times e acabou como bicheiro, sem nunca perder de vista o futebol.
O Icasa lhe deve o estádio que possui ao qual emprestou o nome.
Iletrado, inteligente e original nos seus “causos”, Praxedes Ferreira foi meu amigo, o que me proporcionou testemunhar muitos deles.
A invenção do “bafômetro” no futebol se deu quando dirigia o Guarani, numa fase de maus resultados que lhe tiraram a paciência.
Reuniu o elenco na concentração e, numa preleção onde ficou possesso, acusou os jogadores de serem cachaceiros.
Dida, zagueirão de responsa, reagiu e pediu respeito, além de uma prova de que ele estava bebendo, além da conta.
Praxedes respondeu: “Provo. Quando você chegou à noite e foi dormir, eu cheirei sua boca”
Pronto. Estava instalado, com décadas de antecedência, o “bafômetro” no futebol.
Praxedes não usava cueca
Assim como muitos homens, hoje em dia, Praxedes não usava essa peça do vestuário masculino, preferindo “ficar no osso”, como cavalo de índio.
Envolvido num acidente de estrada, com a delegação do Icasa, que se destinava à cidade de Cajazeiras, Praxedes feriu-se e teve que retornar a Juazeiro do Norte.
Foi atendido no Pronto-Socorro e, na chegada, foi logo alertado por uma funcionária: “Seu Praxedes, o senhor precisa fazer uma caução (garantia) para poder se internar”.
Sobre essa impossibilidade, Praxedes se justificou: “Minha senhora, eu não uso nem cueca, quanto mais calção”.