Fernando Diniz parecia ter encontrado no São Paulo o elenco ideal para materializar seus princípios e conceitos de jogo.
Sem chutão, saída de bola da defesa com troca de passes – mesmo debaixo de pressão do adversário – ausência de ligação direta e bola rifada, além de toque de bola com paciência.
Subiu, subiu, subiu num vôo de águia e desceu, desceu, desceu, sem o uso do paraquedas. Acabou amparado pela rede de proteção para não sumir por completo.
Ao cabo de um ano e quatro meses, acabou perdendo tudo que disputou: Campeonato Paulista, Sulamericana, Libertadores. E caminhava para perder o Campeonato Brasileiro após colocar sete pontos de vantagem na liderança.
Deve ter percebido, depois de bem sucedido em boa parte do seu trabalho, que o seu modelo de jogo não se amoldava, com exatidão, às características de alguns jogadores, principalmente na saída de bola (sempre arriscada) dos seus defensores.
Não abriu concessões e não se preocupou nem um pouco com a “zoada da mutuca”.
A direção do São Paulo estava disposta a segurá-lo no cargo, até o fim do campeonato, e resolver depois o que planejar.
Psicólogo por formação, inteligente e inovador, Fernando Diniz deve passar para a história do futebol como um treinador que não conquista títulos, à exemplo de Bielsa, argentino de currículo pobre em matéria de conquistas.
Com uma permanência de um ano e quatro meses, de falta de tempo para implantar suas idéias, Diniz não pode reclamar.
Só que o tempo costuma carregar muitas coisas, incluindo-se aí a paciência de uma grande torcida.
Quando em 1931 o folclórico treinador Gentil Cardoso lançou o revolucionário esquema de jogo inglês –WM – dirigindo o Bonsucesso, não foi levado a sério.
Também, a formação do “Bonsussa” não ajudava: Medonho, Cozinheiro e Heitor. Loló, Oto e Nico. Catita, Rapadura e Gradim. Leônidas e Prego.
É, com esses nomes, ficava difícil.