O sorriso de Pelé depois de mais uma cirurgia, a última de um tumor no cólon, nos passa uma imagem de sofrimento.
O tempo apressado e arbitrário que leva e não traz, denuncia as marcas da decadência física do maior jogador do mundo.
Pelé precisa, hoje, de uma cadeira de rodas para se locomover.
Logo ele, que foi um atleta fisicamente perfeito, desnecessitado até dos benefícios dos avanços da medicina esportiva.
Pelé é o santo de uma devoção maior dos nossos altares futebolísticos.
A reverência pelo “Rei do Futebol” começou quando tínhamos 10 anos de idade, acompanhando pelo rádio a Copa do Mundo de 1958 na Suécia.
Até o dia de hoje nunca me considerei capaz de desenvolver uma teoria para explicar a genialidade de Pelé.
Me sirvo, para escrever e falar, de algumas definições de escritores, cronistas, poetas e cientistas que descrevem as maravilhas que o corpo e a mente de Pelé foram capazes de realizar.
Duas definições me agradam em particular.
A primeira que o compara a um acidente da lua de Júpiter chamado Io, que leva o seu nome como apelido, em cujo campo Pelé é identificado como uma erupção vulcânica contínua, de alta velocidade, que espalha lava e fumaça, sem cessar, por mais de 300 quilômetros.
Isto é, um vulcão de duas pernas, uma erupção contínua de dribles, arrancadas, gingas, chutes mortais no chão ou no ar.
A segunda, de um locutor da BBC durante um amistoso no Maracanã em que a Seleção Brasileira venceu a Inglaterra por 5 a 1 em 1964: “A bola não larga do pé de Pelé simplesmente porque ela faz parte dele”.
Demais, a bola como parte biológica do corpo de Pelé.
Saúde para o “Rei”.