Apesar da conquista da Copa do Mundo de 1994, nos EUA, confesso um ranço com o futebol jogado pela Seleção Brasileira.
E a razão disso era o treinador Carlos Alberto Parreira, quase a sacralizar a frase “o melhor ataque é a defesa”.
A memória não me ajuda a lembrar a razão de adotar uma radical “idéia-certa” e achar que Parreira, mesmo campeão, não conseguiria a consagração.
Para justificar essa ausência de memória, recorro ao velho Nelson Rodrigues: “A memória é uma vigarista falsificadora de fatos e figuras”.
Mas, as revisões precisam se apoiar na memória, para não cometer injustiças e recuperar verdades.
Não faria melhor esse comentarista, se tivesse buscado entender porque o time do Parreira substituiu o “jogar bonito” pela eficiência?
Sim, porque as revisões mandam dizer que o nosso treinador estaria, inconscientemente ou não, adotando um movimento de jogo mais universal.
Há quem encontre naquela seleção alguns traços do futebol moderno implantado por Guardiola, um rebobinador de idéias.
De estilo meticuloso, Parreira montou duas linhas de quatro, tendo à frente dois excepcionais atacantes: Romário e Bebeto.
De posse de bola, explorava esse lado das ações, valendo-se até da “enceradeira” de Zinho, por entender que, com o controle da redonda, se obtinha o controle do tempo.
E o que foi o Barcelona, no auge, se não um time controlador da posse de bola e do tempo, jogando em modo de sinfonia?
É claro que, naquele momento, talvez, nos tivesse faltado o entendimento de que o futebol estava mudando, ficando mais feio, abrindo caminho para o pragmatismo.
De modo, amigos, assim como as releituras são aconselháveis, as revisões são obrigatórias.