O Ceará sob o domínio do medo

Não adianta mais repetir que na luta do rochedo contra o mar quem leva a pior é o crustáceo.

Nos referimos ao treinador de futebol, sempre colocado entre a incompetência de quem o escolhe e a pressão do torcedor.

Na ânsia de escapar da ira gerada pelos maus resultados, o dirigente perde a capacidade de refletir sobre o profissional contratado, agindo sob o domínio do medo.

Se olharmos bem, a despeito de uma boa gestão administrativa, o presidente alvinegro Robinson de Castro tem tomado decisões na escolha de treinadores premido por situações de desespero.

No retorno de Lisca, por exemplo, imaginou (e acertou) que o ideal seria um histriônico e entendido do assunto, para livrar o alvinegro de uma degola iminente.

Foi um processo de agonia que fez doer no osso, além de variados efeitos colaterais. Supunha-se que, logo após as sessões de sufoco de tal temporada, o jovem presidente do Ceará se sentisse equipado para evitar repetição de igual situação.

No ano passado, invertendo o itinerário dramático, não fosse pela desgraça do Cruzeiro, o alvinegro estaria ruminando lamentações numa série B.

O pavor criado pela queda indesejada, levou o presidente Robinson de Castro a agir sob o domínio do medo.

Quem comanda precisa saber controlar suas emoções. Quando não conseguiu a volta de Lisca, “o salvador”, após demissão de Enderson Moreira, a escolha de Adilson Batista não se mostrou adequada para o momento, embora a culpa pelo desarranjo não coubesse exclusivamente ao treinador.

A operação desencadeada para trazer Argel Fucks, no desespero da hora, com o compromisso de sua continuação no comando do time em 2020, não contou com a aprovação de absolutamente ninguém.

Bastaram suas primeiras entrevistas e explicações artificiais sobre resultados ruins, para se chegar à conclusão de que o medo impulsionou sua contratação.

O Ceará tornou-se um time com medo dele mesmo, até o empate arrastado contra o Botafogo, na última rodada. O resto da história os senhores já conhecem.

Enderson Moreira está de volta.

Como “dançam” os treinadores sob o comando dos que os escolhem.

Vida de bailarino é fogo.