Já fui "bom de bar”, antes da neuropatia encerrar minha brilhante carreira de bom bebedor.
Cerveja, tira-gosto e bom papo: três receitas de felicidade que os bares oferecem.
Consumi muito a cervejinha amiga, com uma volúpia tão grande, como se, a qualquer momento, o pão líquido fosse faltar, por crise de malte no Mundo.
Repito aqui, o que já disse em crônicas passadas: o bar representa para nós uma espécie de ágora, local público em que os “imortais”se reuniam em Atenas.
Nessa ágora, se discute futebol, política, religião, vida alheia e problemas da cidade.
É bom esclarecer que, ainda bem, discussão de bar não tem lógica.
Acrescentaria que o bar é a rua, a praça, o campo de futebol de uma cidade.
Ponto de encontro com o outro, lugar onde a garganta seca não solta a palavra e sempre de portas abertas para receber a todos nós.
Um bar não precisa ser sujão ou requintado, basta ter os defeitos que o seu diarista conhece.
O dono tem que ser "grosso", mas com um bom coração.
Grandes jornalistas e escritores fizeram dos bares seus "escritórios'', de onde enviavam para os jornais impressos crônicas antológicas.
Saudades tenho do Bar do Moura, em Juazeiro do Norte, em frente à estação da RFFSA.
Nunca fechou suas portas e não primava por variedade de tira-gosto,
Lá, se reunia uma magnífica confraria de médicos, comerciantes, radialistas, vendedores de rifa e até cavadores de poços.
Oi, "Cacimba', ainda estás vivo, criatura?
Foi no Bar do Moura onde um vendedor de produtos contrabandeados expunha suas mercadorias e ouviu um grito: "Olha a Federal!"
Antes que empreendesse desabalada carreira para evitar a prisão e a perda do que era oferecido, foi avisado de que se tratava de Luiz do c*..., vendedor de bilhetes da Loteria Federal.
Esse lugar foi sempre as pessoas que o frequentaram.