Não me enganem que eu não gosto

Confira coluna desta sexta-feira (4) do comentarista Wilton Bezerra

O futebol que os torcedores comentam e debatem após as partidas nunca é aquele que, de fato, aconteceu no estádio.

Claro, são emoções narradas com o coração e não a memória.

Como se isso não bastasse, treinadores e jogadores, nas tradicionais entrevistas de meio-tempo e final de jogo, geralmente fazem leituras de um jogo que só eles viram.

Infelizmente, temos observado que, ultimamente, grande parte da mídia esportiva tem contribuído com este simulacro, no sentido, talvez, de manter o produto futebol em pé, por cima de pau e pedras.

Dá para desconfiar de algo por trás disso.

Principalmente, os comentaristas de resultados (olha eles, aí) lançam mão de combos destinados a “pedalar” análises de atuação de treinadores e rendimento de jogadores.

Meus ouvidos estão treinados para eles.

São comentários de gaveta para os três resultados de um jogo, comparados a um receituário adredemente preparado para sintomas da doença, ou mesmo a um padrão de petição de advogados.

Um jogador que tenha tido uma razoável atuação diante de um fraco adversário recebe fartos elogios, sem que retribua com bom futebol o que lhe pagam.

No caso dos treinadores, há uma necessidade de criar, num passe de mágica, revolucionários da prancheta, gênios das “novas formas táticas”.

Diarreias verbais.

Não procurem me enganar que eu não gosto disso.