Dos hábitos ruins do futebol brasileiro, dois deles estão entre os dez mais detestáveis. Talvez, o primeiro colocado na rampa para o fracasso se localize na mudança constante de treinadores.
Todo mundo sabe, incluindo a torcida do Paquistão, que o ovo da serpente é gerado pela escolha, sem critérios, dos dirigentes. Em gestos alucinatórios, mudam direções técnicas como se muda de camisa por puro diletantismo. Só pode.
Não há a menor preocupação em apurar se o técnico se encaixa na realidade do clube, nem tampouco se os naturais pedidos de reforços podem ser atendidos.
E se dão, entre muitos, problemas semelhantes aos encontrados pelo treinador Enderson Moreira no Ceará. Dispensado há pouco meses, substituído por outra escolha errada da direção alvinegra – Argel Fucks – se depara com aquisições feitas sem o seu crivo, mesmo porque, nem no clube se encontrava.
Certamente, por arquitetar sistema de jogo de sua preferência, não teria aprovado alguns nomes escolhidos pelos novos executivos do departamento de futebol.
Desse modo, em muitos casos, o tempo de permanência dos técnicos impedem que eles conheçam sequer a cidade para qual se transferiram.
E, agora, mais um complicador criado por quem manda no pedaço futebolístico: o modismo. Em cima do sucesso de Jorge Jesus, somente treinador estrangeiro resolve.
Querem ver outro hábito feio e corriqueiro: a venda de mando de campo. Em primeiro lugar, essa decisão influi diretamente na parte técnica de qualquer competição, além de representar uma deslealdade com o torcedor.
Isso tudo em troca de dinheiro, quando se sabe que o futebol, hoje, recebe receita de tudo que é lugar e os dirigentes não conseguem se saciar.
Ainda bem, a CBF decidiu que, para os jogos do campeonato brasileiro 2020, séries A e B, a venda de mando de campo será proibida. Mas, por que somente nas séries principais?
Fato é que tem time grande chorando rio de lágrimas por perder grana alta, fruto dos seus exílios, distantes dos seus torcedores.
Bem feito.