O Governo do Estado não se situou bem, ao secundarizar a volta do futebol cearense ao lado de outras medidas de flexibilização.
Pelo menos, para este comentarista, não deu para entender, embora se ressalte o zelo dos governantes com a saúde do povo em tempo de pandemia.
A reação dos principais clubes, federação, crônica esportiva e parte dos torcedores não foi um gemido mudo.
Há quem ache mesmo que tratar o futebol como negócio é ato que visa “desumanizá-lo” em suas funções fundadoras, originais. Mas, futebol, também, é negócio, sim.
Nada, absolutamente, nada a ver com a visão real e honesta sobre uma atividade esportiva que se tornou rica, apaixonante e a mais popular do planeta.
Me perdoem, mas certas comparações feitas para justificar a continuação dessa paralisação são até risíveis, de tão frágeis, insustentáveis.
Vejam, por exemplo, o que acontece com o futebol carioca, onde a bola rola debaixo de problemas jurídicos às pencas.
Não se tem notícia de nenhum problema de saúde causado pelos jogos e, ainda assim, se diz que as partidas realizadas em estádio perto de um hospital é um ato de desrespeito.
O que é isso, se não cretinice em elevado grau, à serviço de quem se aproveita da frágil condição emocional das pessoas?
Os clubes cearenses, ciosos de seus papéis, têm desenvolvido um trabalho extremamente cuidadoso e profissional para um retorno, mesmo sem torcida no estádio e dentro do que as autoridades exigem.
Infelizmente, ainda existe um razoável contingente de pessoas que não faz ideia de que o futebol movimenta tanta gente.
O que se deseja é o afrouxamento dessa decisão governamental de colocar uma retranca, com ferrolho suíço e tudo, nas pretensões do jogo da paixão: o futebol.
As receitas dos clubes sumiram. Os tachos já foram raspados e não tem mais leite para se tirar da pedra.
Os que figuram no entorno do futebol, e dependem dele, já têm a aflição como companheira, faz é tempo.
Abram-se a cortinas do espetáculo