Jogar futebol ficou mais difícil

Confira a coluna desta segunda-feira (14) do comentarista Wilton Bezerra

Constantemente somos instados a fazer comparações do futebol de ontem com o que é praticado hoje.

Engano imaginar que o tema tenha se esgotado, de tão repetido que é nas mesas redondas do rádio e TV.

Se a repetição é mais importante do que a explicação inicial, vamos lá.

Me perguntam se o futebol ficou mais difícil de ser jogado.

Digo que sim, e explico.

O eixo de toda mudança que o futebol sofreu está na velocidade.

Isso se deu em função da melhora da saúde e da evolução da preparação física.

O jogador foi transformado em atleta.

Com isso, o jogo ficou mais rápido e os espaços em campo diminuíram.

Até quem era lento ganhou velocidade.

De quatro quilômetros antes percorridos por partida, o jogador, hoje, supera a marca de dez por jogo.

Fica a impressão de que os campos diminuíram suas medidas.

Antes, o jogador tinha tempo para pensar e executar uma jogada.

Hoje, a grande sacada é pensar e agir com rapidez.

A individualidade, como única solução, perdeu muito espaço para as soluções táticas e coletivas.

A obsessão de Pep Guardiola pela posse de bola mudou o futebol.

Mas, a grande revolução foi mesmo a Seleção da Holanda, de Rinus Michels e Johan Cruyff, de 1974.

Se me perguntam se o futebol ficou pior, digo que tudo depende da qualidade dos times.

Bons e maus jogadores existiram ontem e continuam a existir hoje.

É possível, sim, apreciar um bom jogo de futebol, onde prevaleçam a velocidade e o protagonismo coletivo.

Agora, quem vai dar sempre a assinatura final da obra é o craque.