Futebol não é só números, 'animal'!

Fosse assim, Pelé seria apenas os mais de mil gols que marcou.

No Flamengo X Palmeiras, do domingo, quem se dedicou a contar passes errados, chutes tortos, desarmes, lançamentos sem direção e percentual de posse de bola quebrou a cara.

A gente chata que faz uma força danada para transformar o fascinante jogo de futebol em ciência exata deve ter sentido comichões.

Já para quem o aprecia como grande arte ou cultura popular, o brilho individual e a supremacia do talento nos presentearam com um espetáculo de puro encantamento.

Os lançamentos de 40 metros voltaram de forma constante, o jogo não comportou as “flutuações” sem profundidade.

A categoria de Rafael Veiga e Arrascaeta, nos gols que assinalaram, lembrou a época em que um time de negros vestidos num branco imaculado passava seis meses sem perder.

Um tempo em que os grandes craques caminhavam nos gramados brasileiros, impressionando pela beleza de um padrão de jogo exclusivo.

Como se concordar com a manchete “A super final teve padrão europeu”, se o futebol jogado, hoje, no Velho Mundo, tem padrão de qualidade importado do que se jogou e pode se jogar no Brasil?

“Eu não troco o meu “ôxente” pelo “ok” de ninguém”, já verberava Suassuna.

Flamengo e Palmeiras não foram a campo ancorados em teoremas.

Jogaram, sim, com asas abertas para a criatividade, ao som de um samba bem brasileiro.

Infelizmente, ainda existem os idiotas que babam na gravata e não conseguem enxergar o que é deles.