O meu lado conservador se “pronunciou” contra duas coisas: um time de futebol como propriedade de alguém e a repaginação das camisas.
Me perguntava como seria possível torcer por uma equipe que não pertencesse mais à sua torcida.
A tal da 'repaginação' foi um choque, que perdura, até hoje. Ainda mais, quando se passou a ostentar publicidade nas camisas.
Aos poucos, a gente vai assimilando essas novas realidades, a partir da compreensão de que o nosso jogo virou uma atividade empresarial do mundo capitalista.
Empresas e famílias pelo mundo adquiriram grandes e tradicionais clubes de futebol, como investimento. E isso já não se constitui novidade alguma.
A Europa, que não tinha uma atividade futebolística tão rica como hoje, partiu na frente e ostenta o melhor futebol do mundo, ao contratar os mais valorosos artistas da bola e oferecer o maior espetáculo.
A América do Sul passou a ser um continente fornecedor do pé de obra mais valioso e, com isso, empobreceu, por rejeitar a estrutura empresarial que vigora nos grandes clubes do Velho Mundo.
Aliás, emulando com o nosso mal estar por esse modelo inevitável, torcedores do Manchester United fizeram um vigoroso protesto contra a família Glazers, hoje proprietária do clube inglês.
Os Glazers fizeram fortuna, através do setor imobiliário norte americano, e não sabem mais onde colocar dinheiro.
São donos, também, do Tampa Bay, time de futebol americano.
E aí, como fica a situação?
Essa de que um time de futebol só deve ter como único dono o seu torcedor e funcionar sem fins lucrativos já foi para o vinagre.
Ou se adere ao modelo empresarial, que torna o futebol indústria do entretenimento, ou se passa a ostentar a pobreza, com orgulho do não- colonizado pelo capital privado.
Sinuca de bico.