Distópico

Saindo dos assuntos amenos focalizados neste espaço de fim de semana, somos impelidos a escrever sobre o momento de distopia atravessado por esse país.

Como se fosse pouco, a pandemia que nos assola, as polarizações políticas, que se aproximam do ápice, criam uma convivência desagradável e perigosa entre as pessoas.

Somente quando a gente é vítima de uma grosseria, percebe o estado de fúria que alimenta discussões e altera a personalidade das pessoas.

Até parece que querem matar a democracia, por excesso dela, com atos estúpidos associados à intolerância.

Fica cada vez mais difícil ser plural e aceitar o outro, ao se tomar partido, sem produzir pensamento.

Gente para quem as palavras liberdade, ética e democracia se prestam apenas para enfeitar frágeis argumentações.

É triste observar que até as confrarias construídas por longo tempo são contaminadas pelas grosserias, seguidas, muitas vezes, de um tardio pedido de desculpas.

A idiotice avança sobre a inteligência, permitindo que os preconceitos e radicalismos deixem o cérebro negar a realidade que olhos precisam enxergar.

Para que esse estado de beligerância, se o sol brilha e o vento sopra, se amizade é inoxidável e acordar todos os dias uma bênção?

Desse jeito, amanhã não será outro dia.

Se esse recado se mostrar inútil, só mesmo realizando uma lipoaspiração no cérebro dos homens.