Companhia da saudade

Confira a coluna deste sábado (26) do comentarista Wilton Bezerra

Quando escrevo, me bate uma saudade que chega a incomodar.

Me pergunto como fui sair do Cariri, um lugar ao qual pertenço, embora não tenha nascido lá.

Pergunto pelas cidades e pessoas que não encontro mais e, mesmo assim, insisto no pertencimento.

Os inevitáveis ciclos de vida da gente se fecharam, restando deles apenas o perfume. Toda época tem seus cheiros.

Procuramos nos aquietar no passado, onde tínhamos pouco entendimento das coisas e acreditávamos em quase tudo que nos diziam.

As águas do passado voltam mastigadas pelo tempo e a nossa vida é feita de bons bocados dele.

Em um divã imaginário, pergunto se o presente é tão doloroso assim, para se achar que os tempos passados eram melhores. 

Se não eram, por que nos aprisionam tanto? Seria um exercício nostálgico que nos ajuda a viver?

Escrever essas coisas sobre saudade e passado funciona como um ato de respirar e deixar o espírito leve.

"O passado é um segundo coração que bate dentro de nós". Henry Bataille, francês.