Clebão apareceu no Campeonato Cearense, marcando gols pelo time do Barbalha.
Grandão, pernas longas, pouca musculatura, panturrilhas imperceptíveis, um pouco vacilão em alguns lances.
Deve ter chamado a atenção dos cultivadores do jogo aéreo, pela sua estatura. “Bola por cima para o Clebão e corrida para o abraço”, devem ter pensado a princípio.
Entanto, não imaginaram que deixá-lo em condições de girar, pentear a “Margarida” e bater para o gol é o mesmo que “encomendar o caixão”.
No futebol de hoje, zagueiros têm que saber dar o passe e, ainda por cima, adivinhar o que o atacante quer fazer.
Por ter emergido de estrato social onde as dificuldades da vida são enormes, Clebão desenvolveu a arte da paciência para enfrentar esses zagueiros prestidigitadores.
A plasticidade exibida nos seus gols traz um toque humano do herói.
Como disse Nelson Rodrigues, no futebol “cego é o que vê apenas a bola”.
Às vezes, por atuar num espaço reduzido, autêntica selva de pernas, o nove do Ceará corta um dobrado danado em matéria de solidão.
Só falta pedir músicas que falem de abandono, amores sofridos e outras dores.
Diríamos que Clebão é um goleador homeopático. Seus gols surgem em gotas, conforme a receita, no momento providencial.
Foi assim, na Copa do Nordeste e no Clássico contra o Fortaleza.
Clebão, o centroavante da hora.