Só podia sair da boca de um poeta: “Craques do passado continuam jogando um bolão, nas minhas lembranças”.
Os meus primeiros heróis vieram das revistas em quadrinhos e do cinema: Gene Autry, Roy Rogers, Rocky Lane, Charles Starrett,(Durango Kid) Zorro e outros de menor votação.
Mas, nós sabíamos que eles eram de mentirinha, naqueles enredos fantasiosos para as suas aventuras, que faziam nossa existência repleta de felicidades.
Agora, os verdadeiros heróis da minha infância foram jogadores de futebol.
Dos astros municipais: Anduiá, Bebeto, Panquela, Binda, Idário e Netinho, dos times do Crato, Sport e Cariri, aos heróis campeões do mundo de 1958: Garrincha, Pelé, Vavá, Nilton Santos e Didi, comandados por Vicente Feola.
Éramos gigantes, jogávamos de uma forma diferente. Os nossos craques não erravam, não caiam. Os branquelos europeus de cintura dura e o resto do mundo eram inferiores. E fim de papo
Mas, esse futebol, fonte de orgulho de todos nós, que sempre fez as nossas vidas menos duras e mais fáceis de serem vividas, tem perdido a originalidade e a posição de melhor do mundo.
Os branquelos amoleceram a cintura, aprimoraram os fundamentos, fazem gols de letra, de trivela, de bola parada e driblam diferente, mas driblam.
Aqui, a última constatação das pesquisas dá conta de que, depois do sumiço do drible, também,desapareceram dos nossos jogos os gols através de cobranças de falta.
Logo no Brasil de Didi, “folha seca”, Zico, Nelinho e outros mestres especializados em tirar do goleiros, com precisão invejável.
Tem uma justificativa que consideramos até risível: nos últimos tempos, os zagueiros ganharam altura e tornaram as barreiras mais altas.
Uma outra nos parece mais verdadeira: os jogadores aprimoram pouco (ou não treinam) cobranças de falta, durante os treinamentos, para evitar lesões.
Não me consta que, esta tenha sido uma razão para Zico deixar de treinar horas e horas, depois dos coletivos, e se tornar um dos melhores cobradores do futebol brasileiro.
Pois é. “As nossas admirações do passado continuam jogando um bolão em nossos sonhos”.
Consola.