Caso os clubes brasileiros se reunissem em torno de uma Liga Nacional, teriam como desenhar melhor os seus próprios destinos, pois como todo mundo está calvo de saber, o monopólio de federações e confederações é predador.
Embora a cartolagem que manda pense inteiramente o contrário, sem clubes não existiriam FIFA, CONMEMBOL, CBF et caterva.
Acontece que “a coragem é a maior virtude de um defunto”, segundo Machado de Assis, e não apareceu, ainda, dirigente de clube brasileiro com a coragem de pronunciar a palavra “Liga” nos corredores da CBF.
A Liga do Nordeste, por exemplo, comeu “o pão que o diabo passou por cima”, brigando na justiça contra o cancelamento imposto pela “Casa de Rogério Caboclo” à Copa que promove, anos atrás.
Deve ficar bem claro: não estamos abordando uma federação de clubes nos moldes da Super Liga Europeia, cujo propósito é cartelizar o futebol.
Por que, por que? Perguntarão os lorpas e pascácios (ô Nelson!), babando bovinamente na gravata.
Ora, num tempo que pede inclusão, a Super Liga deseja o contrário – a exclusão.
Como um “Clube do Bolinha”, dela somente participa quem tiver títulos, tradição, grandeza em campo e nas arquibancadas e sendo, por isso, o que comumente chamamos “time de camisa”.
Agremiação média ou pequena só terá acesso às “dependências” do clube da Super Liga se pular o muro.
E mais: uma fase, eventualmente medíocre, de um gigante nas disputas estará plenamente amparada por um regulamento que não estabelece queda para competição seguinte.
Só falta mesmo colocar nos protocolos de abertura do torneio uma homenagem ao personagem Justo Veríssimo (horror a pobre), imortalizado por Chico Anisio.
A quem achar ruim e discordar da ideia os fundadores da Liga recomendam duas coisas: caiam fora (como fizeram os clubes ingleses) ou reclamem ao bispo do Crato.
A FIFA e as confederações, por razões que nada têm de nobres, estão assanhadíssimas com esse assunto e já limpam as armas para uma guerra.
Guerra por dinheiro, evidente.
Mas, “deixa eu dizer prá tu” (a forma de Mossoró iniciar um papo) que já se ouviu muxoxos pelo fato da Copa do Nordeste abrigar muito time “sem camisa”.
Meninos, faz tempo que eu digo: “o ser humano foi uma experiência que não deu certo”.