Aparentemente

Confira a coluna desta terça-feira (28)

Quando os amigos me perguntam se está tudo bem, costumo responder: "Aparentemente".

"Por que esse pessimismo, WB?", prosseguem.

Ora, o sofrimento alheio nos atinge, porque fazemos parte da humanidade. Fácil de entender.

Como pode ir tudo bem?

Além da fome, as intempéries fazem o brasileiro sofrer mais do que pé de cego em estrada nova.

Começa que a pobreza nesse País tem cor. E nem precisa perguntar aos universitários que cor é essa. Toda criança sabe.

A sucessão de desastres ambientais com mortes vai se naturalizando. Basta cair muita água do céu que todo ano tem.

Edificações em locais inseguros e insalubres são erguidos à revelia de qualquer planejamento.

Basta dizer que são quatro milhões de pessoas que moram em pontos mapeados pela Defesa Civil Nacional, como de altíssimo risco para desastre.

O impacto da chuva forte só revela o descaso de quem governa.

Cabe aos pobres moradores empreenderem rota de fuga, com muito pau e pedra pelo caminho.

Quem é rico mora na praia. Quem é pobre ocupa a encosta da serra.

Não vai tudo bem, não. Nem aparentemente.