Além dos resultados

Confira a coluna desta quinta-feira (9) do comentarista Wilton Bezerra

Me causou espécie a explanação de um treinador sobre uma equipe competitiva para o futebol de hoje.

Atacar, marcar, retomar, fazer transição rápida, (sem tempo para o respiro) asfixiar e liquidar, psicologicamente, o adversário.

Fiquei pensando, com os meus velhos botões, qual o momento que essa equipe se dedicaria ao ato de jogar futebol.

A forma mecânica exposta não guarda semelhança com o nosso ludopédio e fica igual às casas bancárias no auge da roubalheira: nem pareciam agências.

Se lembram da publicidade coincidente?

Ao mesmo tempo, pergunto se a sociedade de desempenho e resultado que nos rege não vai destruir a essência do nosso jogo preferido.

Só que é o seguinte.

A rapaziada, de um momento para o outro, passou a sentir a falta de um pandeiro, um cavaco, um tamborim e da arte do futebol bem jogado.

Nem os resultadistas aguentam mais os efeitos deletérios de um futebol feio.

O Ceará, desalojado da oitava posição, não amaldiçoava os seus resultados, mas, também, não gostava do futebol praticado pela equipe.

Passou a emular com o pensamento, segundo o qual, jogando de forma eficiente e vistosa, abriria maiores possibilidades de vencer convencendo.

Por isso, demitiu Guto Ferreira e contratou Tiago Nunes.

Caso as teorias do novo treinador (se confessa um acadêmico) se confirmem, vem coisa nova, a partir de domingo.

Não estou falando de certezas. Isso não existe no futebol da “caixinha-2” de surpresas.

A poetisa Adelia Prado assegura que certeza demais é loucura.