Lá vem o exercício da saudade descendo a ladeira, para aliviar nossas aflições existenciais.
O passado é o que ficou e as velhas fotografias nos conduzem.
Há uma profunda delicadeza entre as lembranças do passado e as incertezas do futuro. Futuro que, no nosso caso, é o "daqui a pouco". O mesmo que pegar um trem para dentro de nós mesmos.
Ô saudade para machucar os nosso combalidos corações. Mas, não me venham com tristeza, que eu a rejeito.
Percebemos, no olhar demorado sobre as fotos antigas, o que a ferrugem do tempo fez com os nossos ares juvenis.
Como diz uma velha carpideira: "Não devia ser assim. Voou como um passarinho".
E o passarinho nada mais é do que o tempo atrás de alma nova, deixando um rastro da saudade.
Tudo mudou. Até nós mudamos.
Quais eram as verdades do tempo passado? Ora, isso não interessa.
Guardamos certas coisas, por achar que um dia vamos precisar delas. Ou, para que não caiam na lixeira da memória.
Tudo vale, ou não me chamo Wilton Bezerra, um homem saudosista.
Fiquemos com o poeta Antônio Pereira:
“Se quiser plantar saudade
Esquente bem a semente.
Plante num lugar enxuto
Onde o sol seja bem quente
Se plantar no molhado
Quando crescer mata a gente.”