A reclusão do soldado alvinegro

Confira a coluna desta terça-feira (24) do comentarista Wilton Bezerra

Como que em recompensa pelas vicissitudes da infância, Dimas Filgueiras foi bafejado por dois momentos de felicidade. Coisas que nem o dinheiro do milionário americano Textor, atual sócio majoritário do Botafogo do Rio, pode proporcionar.

Nosso personagem nasceu há 78 anos, no Estácio, no Morro de São Carlos, Rio de Janeiro, berço do samba.

Foi lá que o compositor e consagrado sambista Ismael Silva fundou a primeira escola de samba do Brasil, a "Deixa Falar".

O segundo momento de Dimas foi formar, como lateral esquerdo, um dos maiores times que o Brasil teve: o Botafogo, de Manga, Nilton Santos, Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.

Ele foi companheiro de quarto de Mané Garrincha, para quem escrevia cartas.

Era tratado amigavelmente pelo maior ponta direita que o Mundo conheceu como "mosca de boi", por ser um jovem esperto.

Como jogador, foi um verdadeiro atleta: nunca fumou, nunca bebeu.

No Ceará Sporting Club, foi de jogador, supervisor e treinador a vice-presidente, somando mais de 40 anos de atividades.

Isto é Dimas Filgueiras, mais do que um "faz-tudo", um poder dentro do Ceará.

Os seus críticos representaram um percentual irrisório, se comparados ao apoio que conquistou durante todas as gestões que o clube teve em toda sua existência.

Como treinador, foi convocado inúmeras vezes para tirar o time de difíceis situações.

E resolveu, na maioria dos 504 jogos em que esteve à frente da equipe.

Hoje, com problemas de saúde, Dimas Filgueiras está recluso, com o apoio dos familiares.

O Soldado Alvinegro será sempre lembrado como uma das figuras mais importantes da história do Ceará.