A geopolítica da bola 

Se a bola parou de rolar nos campos de futebol, aproveitemos para falar dessa modalidade apaixonante, nesse momento de silêncio.

“Certos silêncios soam com uma eloqüência gritante”. Não sei quem é o autor da frase; achei bonita e coloquei para enfeitar nossa crônica sobre geopolítica da bola.

O assunto se refere ao poder que o futebol possui como valor político. Com base, por exemplo, numa Copa do Mundo.

O mapa geopolítico do futebol inverte a ordem das potências econômicas: Estados Unidos e Ásia, são “mini-potências; Europa e América do Sul superpotências consagradas, e África, potência emergente. 

Claro, que a divisão pode ter sofrido algumas leves alterações, desde que foi feita essa leitura.

Em que outra dimensão países pequenos e pobres, poderiam se ombrear às grandes potências do mundo, senão no futebol?

Em que espaço, um minúsculo país consegue “despachar” uma poderosa e enorme nação, como já ocorreu em várias copas?

O futebol, tenho insistido, não é guerra. Muito pelo contrário, serve para unir pessoas e sublimar instintos.

Como apaixonado pelo ludopédio, nunca o considerei alienante, tampouco lugar para descargas sociais que dividam cidades e nações.

Ao futebol, já coube papéis inesperados, como o de provocar um cessar-fogo de guerra na África, para ver jogar o Santos de Pelé.

Que cesse, o mais rápido possível, essa “abstinência de bola”.

Como disse o poeta Carpinejar: “A bola parada é um boi pastando. Rolando é um touro com fome”.