De exercício físico o futebol se transformou em teatro social, caminhou através dos tempos e hoje é uma máquina de fazer dinheiro como indústria do entretenimento.
No estado do Ceará, vivemos um demorado processo até alcançar nível profissional e financeiro, compatível com o nosso público consumidor.
Por isso, habituados a lidar com o pouco, ainda nos assustamos com valores que permeiam as transações no futebol.
Torcedor do Ceará, conhecido como “Saddam”, é que me aborda : “E aí, comentarista, que onda é essa do Ceará rasgar dinheiro” ?
Respondo em cima das “buchas”: “Que rasgar dinheiro coisa nenhuma, hoje em dia nem “doido de pedra” faz isso”.
Torcedor não tem jeito e o “ditador” devolve de primeira: “E o dinheiro que o Ceará tocou fogo comprando Wescley” ?
Aí, a conversa esticada envereda para o convencimento sobre os riscos naturais de investimentos em qualquer área.
O Fortaleza, por exemplo, colocou uma grana alta para ter David e, pode se dizer, ninguém ruborizou, mesmo porque, a despeito das atuações irregulares do jogador, deve proporcionar um bom lucro ao tricolor em caso de venda.
O problema é que a dinheirama que rola na área futebolística, aumentou de forma abrupta para os nossos padrões.
Nunca o futebol teve tanto dinheiro, vindo dos mais diversos setores de exibição e publicidade.
E tem outra: Ceará e Fortaleza, além de aumentarem o número de sócios torcedores, já passaram da fase em que serviam apenas de “barrigas de aluguel” para os grandes times e, ganham até para serem vitrines de jovens valores tomados por empréstimo.
Não tem almoço grátis, como determinam os novos tempos.
Como reconheceu o presidente Marcelo Paz, não tivesse chegado em boa hora, o dinheiro da transação de Éverton Cebolinha, do Gremio para o futebol português, o barco tricolor teria feito água.
Se os valores são enormes na compra, não se apequenam na venda.
E segue o forró.