A febre da posse de bola

O treinador do Gremio, Renato Portaluppi, comparou, no “populês”, a posse de bola ao ato de “enfeitar’ a mulher e entregar de bandeja para o outro.

Para muitos, a sua fala não pegou bem por exalar um certo sentimento de propriedade com relação ao domínio da mulher.

Será que isso tem a ver, ou as patrulhas estão exagerando na reação ?

A febre da posse de bola contaminou todos os debates e comentários sobre o futebol no Brasil.

Ter a posse de bola e não transformá-la em vantagem no placar, tem provocado azia, má digestão e empachamento.

E pior quando o pum sai pela culatra.

O poeta Carpinejar já meteu a sua colher nesse assunto, bem antes dessa discusseira toda ao dizer, poeticamente: “A bola é, tambem, o tempo de não estar com a bola”.

E vai mais longe: “Os jogadores querem a bola, roubam a bola e caçam a bola”. A bola é curta no desespero. Um pássaro durante o chute. Um peixe dentro do gol”.

Fico arrepiado (sério, sou piegas) com isso.

Então, vê lá: se 22 marmanjos brigam pela captura da presa (a bola) como a sua posse empobrece quem tem o seu domínio?

Ora, Guardiola, o revolucionário, sempre disse que o seu time sem a bola era muito ruim.

Renato Portaluppi, falastrão, não pode ser levado a sério: um dia desses, fazia apologia da posse de bola do Gremio como fator básico para jogar bonito

Passar bem que o papo é curto.