A ascensão fulminante do idiota

Volto a falar sobre o idiota, valendo-me do texto de Nelson Rodrigues para o título dessa crônica

Com a perda total da modéstia e consciente da onipotência numérica, o idiota brasileiro vive atualmente o seu maior momento de fama.
Quinze minutos de exposição é pouco tempo para ele.
Vendendo-se o idiota nacional, pelo que ele acha que vale, o apurado daria para mitigar a fome de boa parte da população.
Mas, vamos lá. Se houvesse uma enquete para escolha do novo homem em nosso País, não tenham dúvidas de que o idiota ganharia, com várias braçadas à frente.
As futuras gerações (imaginando-se uma queda no índice da idiotia) duvidarão que essa supremacia do imbecil ocorreu um dia, nas proporções vigentes.
Os idiotas são antigos na literatura; feita por idiotas para agradar outros idiotas.
Como o que diz não tem sentido nenhum, o idiota, dentro de uma guerra, seria preso como um espião. E explico: suas palavras, por não dizerem absolutamente nada,  seriam interpretadas como uma senha para o inimigo. Entenderam?
Num ponto, o idiota saca direitinho: não se conquista a massa com coisas inteligentes e verdadeiras.
Há uma espécie de nostalgia da burrice, tanto na esquerda como na direita, se possível for, de acreditar que ainda existe essa dicotomia.
Tudo está rotulado disso e daquilo.
Os idiotas têm uma queda pelas CPIs, desde que elas deem palanque para os corruptos.
Na CPI que se desenrola, a presença de Witzel foi um escárnio.
O idiota da véspera será o idiota do dia seguinte, pela ausência de massa cinzenta.
Quem primeiro pressentiu o crescimento galopante do idiota no Brasil foi o Freud brasileiro, Nelson Rodrigues: “Antes, falávamos pelos idiotas, hoje os idiotas falam por nós”.
O idiota é um mentiroso de carteirinha e faz uso dessa “qualidade” para fingir que possui opinião.
Precisamos reconhecer, para reagir, que perdemos a batalha para esses semoventes.
No momento, eles mandam em nós.
O mais grave disso tudo é que, a exemplo dos ladrões, os idiotas não tiram férias.
Para esse mal, infelizmente, a ciência está muita atrasada, não conseguiu desenvolver uma vacina contra a idiotice.
E devo confessar que uma coisa me incomoda particularmente: o idiota é feliz.
Estamos ferrados.