A eleição em Fortaleza, neste ano, vai trazer um fato que não ocorria há 12 anos: o governador terá uma candidatura própria para defender explicitamente ainda no primeiro turno. A última vez que isso aconteceu foi em 2012 quando o então governador Cid Gomes rompeu com a então prefeita Luizianne Lins e lançou Roberto Cláudio naquele ano.
Desde então, justamente por esse rompimento na Capital cearense, o governador Camilo Santana (2015 - 2022), um petista de compromisso com Cid e Ciro, até então, deixava o PT de Luizianne isolado, mesmo com a candidatura da ex-prefeita nos dois pleitos seguintes.
A manifestação de apoio de Camilo ocorria apenas nos segundos turnos – foi assim com Roberto Cláudio em 2016 e com José Sarto em 2020, ambos do PDT. Nas duas oportunidades, o PT teve Luizianne como candidata. Com o fim do primeiro turno, a parlamentar se ausentava das disputas na cidade pela rivalidade interna com o governador.
Para o pleito eleitoral de 2024, o cenário mudou. O rompimento, que se dava apenas em Fortaleza, entre PT e PDT, ganhou contorno estadual na polêmica envolvendo o nome da ex-governadora Izolda Cela em 2022.
Agora, sem o compromisso entre as duas legendas, o PT da capital, que tem Elmano de Freitas como governador, terá uma candidatura apoiada pelos ocupantes do Palácio da Abolição desde o primeiro turno.
A força da máquina
Não é segredo para ninguém que o poder da máquina estadual é uma força a se considerar em uma disputa na Capital. Não é nada fácil para a oposição furar esse bloqueio e derrotar qualquer candidatura que tem esse apoio.
Também por isso, Elmano e Roberto Cláudio foram para o segundo turno em 2012. Roberto Cláudio foi reeleito em 2016 e fez seu sucessor em 2020. O apoio de um governador pode fazer a diferença em uma disputa acirrada e imprevisível como se apresenta a sucessão na Capital cearense.
A consolidação do governador
Por outro lado, esse é o grande teste do governador Elmano de Freitas. Em meio às dificuldades na área da segurança pública e do pouco tempo no cargo, é essa eleição que pode consolidar o petista como uma liderança não só política, mas também eleitoral.
O teste das urnas de 2022 não é o mesmo de 2024. É bem diferente. O fortalezense, que preferiu Capitão Wagner naquele pleito, teve um ano e meio de avaliação do petista. A exposição do governo certamente feita por adversários na campanha vai ser avaliada pela população através do voto.
Ainda não é possível calcular o impacto da imagem de Elmano para a campanha de Evandro Leitão. O humor do fortalezense ainda precisa ser apurado por pesquisas nessas próximas semanas, e pode indicar um caminho estratégico para o grupo governista.