Índice de expectativas mostra aumento de pessimismo com a economia

Pesquisa bimestral fecha o ano com o pior desempenho em relação às perspectivas econômicas

Legenda: Cenário nacional deixa especialistas apreensivos quanto ao desempenho de setores da economia em 2022
Foto: Kid Júnior

Nova edição do Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE), elaborado em parceria pela Fecomércio-CE e pelo Corecon-CE (Conselho Regional de Economia), mostra um forte aumento no pessimismo por parte dos economistas, consultores e empresários cearenses em novembro e dezembro.

O índice geral ficou em 69,9 pontos, o menor do ano. Na pesquisa anterior, o indicador era de 96 pontos. O levantamento pontua de zero a 200 pontos as variáveis analisadas. Abaixo de 100 pontos, configura-se uma situação de pessimismo e acima desse valor, otimismo.

Desequilíbrio

"A deterioração das expectativas reflete os desequilíbrios macroeconômicos do País", pontua o estudo, que ouviu 101 especialistas em economia de diversos setores.

Entre as variáveis analisadas, a maioria desperta pessimismo entre os especialistas, entre elas taxa de juros, inflação, salário, câmbio e oferta de crédito.

Em contrapartida, há três áreas em que prevalece o otimismo: cenário internacional, nível de emprego e PIB.

Para Ricardo Eleutério, conselheiro do Corecon-CE e analista da pesquisa, o horizonte é bastante desafiador.

'Enxugando gelo'

"Estamos em uma quadra de aceleração inflacionária, e o Banco Central está fazendo uma política contracionista de elevação da Selic para conter a inflação. Essa política tem efeitos colaterais, ela inibe o crescimento, a geração de empregos. Tivemos duas retrações seguidas do PIB (do Brasil), o que tipifica recessão técnica", contextualiza.

No âmbito dos gastos públicos, ele acrescenta, a política fiscal apresenta descompasso crescente, o que cria mais incerteza econômica, eleva os juros futuros e pressiona ainda mais a inflação.

"Estamos tentando enxugar gelo. Nós fazemos política monetária de aperto, por um lado, para conter a inflação; e por outro lado, uma política fiscal expansionista que aumenta o déficit e a dívida pública e gera mais inflação", comenta.



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