Não sei se o ex-presidente do Ceará, Evandro Leitão, lembra de uma colocação que ele fez quando dirigia o alvinegro. Falando sobre ser grande no futebol brasileiro, ele entendia a necessidade de ganhar títulos ou na Série A ou na Copa do Brasil. Assim, no Nordeste, só duas equipes estão nesse patamar: o Bahia, campeão da Taça Brasil em 1959 e campeão brasileiro Série A em 1988, e o Sport-PE, campeão brasileiro de 1987 e campeão da Copa do Brasil de 2008. O futebol cearense precisa de um título assim. Na estrutura e gerenciamento, Ceará e Fortaleza estão bem superior a alguns dos grandes clubes brasileiros, ou seja, em dia com suas obrigações trabalhistas, previdenciárias e salariais. Marcelo Paz e Robinson de Castro cuidam de dar exemplo de como equilibrar receita e despesa. Quero acreditar que os títulos virão. O narrador Antero Neto avalia que ganhar uma Copa do Brasil é mais viável. Ganhar um título na Série A ainda é um sonho distante. Concordo. Se bem que o Ceará já poderia ter conquistado uma Copa do Brasil. Não o fez porque em 1994 foi vergonhosamente prejudicado pela incompetência de um árbitro cujo nome aqui não registro para não sujar esta página.
Melhor
Felipe Alves vive um momento extraordinário na sua carreira profissional. Aprimorou a forma moderna de jogar com os pés, embora, não raro, exponha o time a maiores riscos. Mas, no momento, não vejo no futebol brasileiro goleiro mais habilidoso. Notável.
Fôlego
Charles, desde que aqui chegou, foi um dos jogadores que mais se empenharam no Ceará. Mas, nesta reta final de ano, deu sinais de estafa. Fadiga mesmo. Ele quer manter o ritmo forte o tempo todo, mas não consegue. Pior é que a “folga” desta época de festas é ilusória. Tem trabalho já.
Passes
Quem também está dando sinais de cansaço é Fernando Sobral. Consegue ainda manter forte marcação. Incrível. Mas, numa sequência de jogada, erra passes curtos, coisa que antes não acontecia. Isso é comum principalmente para um jogador que, como ele, foi intenso sempre.
Pílulas
Quer me ver embaraçado, peça para escalar a seleção dos melhores. Tenho terríveis dificuldades. Primeiro porque há enorme variação quanto à produção dos atletas. Fases boas e más. Quem segura um pouco mais produção de alto nível é logo notado. Aí fica fácil. Mas é exceção.
Hoje eu não saberia, sem cometer risco de graves equívocos, como escalar os melhores de 2020. Teria de pensar e repensar. Refletir sobre momentos variados da temporada toda. Escalar pelo que hoje está aí é mais fácil. Mas, pelo todo do ano, fica bem mais difícil.