Sobreviventes da agonia

Confira coluna do comentarista Tom Barros desta quinta-feira (31)

O ano 2020, que está terminando, deixa nos anais da história o doloroso registro de tantas vidas perdidas. O silêncio dos que se conformaram. O grito dos que protestaram. Um ano sofrido. A desgraça, em forma de vírus, matando, assombrando. Em momentos o homem atônito, como atônita a própria ciência. Mais fácil enviar naves a Júpiter, tão distante, que destruir um vírus na Terra, tão perto. O futebol parou. Estádios fecharam. Um vazio. Emoções recolhidas. Quase a falência de alguns clubes. Outros ficaram no limite. Nesta parte, Ceará e Fortaleza. Deus sabe o jogo de cintura de Robinson de Castro e Marcelo Paz para segurar todo mundo. Foram meses de penúria. Agora, no limiar de um novo ano, a vacina, motivo de tanta confusão política, traz esperanças. Uma delas: estádios novamente com público. De volta a coreografia das torcidas. Aplausos e vaias como antigamente. É um sonho. Não sei se já no ano que vem tudo voltará ao normal. Tomara que sim. Dizem que, depois desse tsunami viral, surgirá uma nova Terra, cheia de homens de boa vontade. Será? Não creio. Assim diziam também os sobreviventes da agonia de outras pestes que passaram. Mera ilusão. 

Na real 

O modismo brasileiro mais uma vez vai cedendo diante da realidade concreta. Quando o treinador português Jorge Jesus deu certo no Flamengo, logo se estabeleceu que os treinadores brasileiros estavam ultrapassados. Aí vieram os importados da Europa como salvadores da pátria.

Fracassos 

O Vasco da Gama trouxe o técnico português, Sá Pinto. O Flamengo não trouxe outro português, mas trouxe um espanhol, Domènec Torrent. O Palmeiras trouxe o técnico português Abel Ferreira. Resultado: dos três, apenas Abel continua no Palmeiras, doze pontos atrás do líder, São Paulo. 

Ascensão 

O técnico brasileiro Fernando Diniz é quem está fazendo bonito na Série A nacional. No comando do São Paulo, lidera a competição. Já colocou sete pontos de diferença sobre o Atlético-MG, que é comandado pelo argentino Jorge Sampaoli. Fernando nasceu em Patos de Minas, Minas Gerais.

Pílulas

O ano 2020 marcou também o desprestígio de treinadores que já foram celebridade. Felipão, que já levara uma lapada de 7 a 1 da Alemanha quando comandava a Seleção Brasileira, desabou com o Cruzeiro. Aliás, no Cruzeiro estão desabando todos.

Mano Menezes, que já foi unanimidade nacional, desabou com o Bahia. Luxemburgo, que salvou o Vasco do rebaixamento no ano passado, também sentiu o desprestígio quando demitido do Palmeiras. Rogério Ceni busca consagração no Flamengo. 

 



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