Roubos de troféus e relíquias do futebol

Sei da tristeza que tomou conta de Mário Jardel. Troféus de estimação não podem ser avaliados apenas como bem material

Legenda: Jardel durante entrevista à TV Globo em 2018, exibindo as chuteiras conquistadas
Foto: Reprodução da TV Globo

O ex-jogador, Mário Jardel, sentiu o golpe: os ladrões levaram relíquias de suas conquistas pelos gramados do mundo. Foram duas chuteiras de ouro da UEFA, a de prata e a de bronze. Objetos de estimação, mais que guardados em estantes bem cuidadas, são cultivados nas lembranças perenes. Ficam selados no coração e na mente porque oriundos de momentos únicos, inigualáveis, nos quais o atleta alcançou o auge da superação. Sei da tristeza que tomou conta de Mário Jardel. Troféus de estimação não podem ser avaliados apenas como bem material. Não se trata só de um bem econômico: é um bem sentimental. Não há Bolsa de Valores capaz de dimensionar o apego de um atleta aos troféus de suas glórias. As taças, medalhas, chuteiras e outros símbolos traduzem os anos de esperança, de dedicação, de trabalho, de esforço, de sacrifícios, de renúncias. Observem o semblante dos atletas na hora das premiações. Sorrisos e lágrimas, misturados, num momento transcendental, de aplausos, de apoteose, de reconhecimento público. É difícil viver num país onde a corrupção, o roubo e o furto viraram práticas comuns. Ainda bem que a Polícia Civil agiu a tempo e recuperou os troféus. Parabéns pela rápida ação. Contudo, deixo minha solidariedade, caro amigo Jardel.  

Furto à moda inglesa 

Na terra do famoso assaltante Ronald Biggs, roubaram a Taça Jules Rimet. A Inglaterra foi sede da Copa do Mundo de 1966. Três meses antes, no dia 20 de março, a Taça Jules Rimet estava exposta no Central Hall de Westminster, em Londres. Um ladrão furtou a taça. No dia 27, o cão chamado Pickles, quando farejava um arbusto, encontrou o troféu embrulhado em jornais.  

A taça do Tri  

Em 1970, o Brasil ganhou definitivamente a Taça Jules Rimet. O troféu mais importante do futebol mundial foi levado para a sede da CBF. Lá foi colocado numa caixa de vidro à prova de bala. Em 1983, os ladrões Chico Barbudo e Luís Bigode renderam o vigia da CBF e levaram a taça, que teria sido derretida por um argentino comerciante de ouro. Nunca mais foi vista. 

Réplica 

Em 1968, em razão do furto acontecido em Londres, a FIFA mandou confeccionar uma réplica da Taça Jules Rimet para expor em momentos oportunos, preservando a original. Na CBF, a réplica estava guardada num cofre. A original, que os ladrões levaram, exposta na caixa de vidro, pendurada na parede por uma moldura de madeira, arrombada pelos invasores. Dá para entender? 

Surrão de palha 

No dia 21 de agosto de 2002, a Seleção Brasileira, penta no Japão no dia 30 de junho, veio ao Castelão para um amistoso com o Paraguai. Mandaram para exposição uma réplica da Taça do Mundo, conquistada pelo Brasil. O saudoso Itamar Monteiro trabalhava na FCF. Ele chegou ao Castelão, conduzindo um surrão de palha. Desse surrão retirou o troféu e o colocou no pedestal. Quem iria desconfiar que no surrão velho estava a réplica tão valiosa?  

 

 

 



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