Pênalti, glória e desgraça

Leia a coluna desta sexta-feira (12)

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Foto: Kid Junior/SVM

Nas décadas de 1950 e 1960, houve no futebol cearense um jogador que, segundo consta, jamais perdeu um pênalti: Célio Bandeira. Batia pênalti com extrema perfeição. Ele foi campeão cearense pelo Gentilândia em 1956 e pelo Fortaleza em 1960. Nesse mesmo ano, pelo Fortaleza, foi vice-campeão da Taça Brasil.

O goleiro Pedrinho Simões, seu companheiro no Gentilândia e no Fortaleza, diz que há um engano, pois ele perdeu um pênalti, sim. Mas a lenda tem a força da eternidade. Célio, notável jogador, continuará sendo lembrado por nunca ter perdido um pênalti. Prevalece a lenda.

O pênalti foi, é e continuará sendo motivo de glória ou desgraça. Na disputa de pênaltis com o São Paulo, Guilherme Castilho, Vina e Fernando Sobral desperdiçaram as cobranças. E assim o Ceará foi eliminado. A torcida protestou, máxime contra Vina. Palavrões, insultos.

Vina ainda quis reagir, mas foi contido. Não aceito a atitude desses torcedores. Entendo a revolta, não aceito a agressão. Esqueceram o golaço de Vina na vitória sobre o Corinthians e as contribuições dele nas grandes conquistas do Ceará? Lamentavelmente, decisão por pênalti é assim: converteu, é a glória; perdeu, a desgraça.  

Tortura 

Detesto decisão por pênalti. É uma tortura para os que são encarregados de bater. A pressão da torcida sobre os atletas é terrível. E assim, a maldição e a apoteose andam lado a lado. O único jogador que entra numa boa é o goleiro. Se sofrer todos os gols, não haverá problema. Se pegar um pode virar herói.  

Esquecidos 

Vejam a situação de Zico. Ele escreveu uma das mais belas histórias do futebol brasileiro. Foi campeão do mundo pelo Flamengo e teve notáveis atuações pela Seleção Brasileira. Aí, alguns ingratos esquecem sua trajetória brilhante e vão lembrar o pênalti que ele perdeu contra a França na Copa de 1986. Esquecem que na decisão por pênaltis, nesse mesmo jogo, ele converteu. 

Última cobrança 

Na Copa do Mundo, nos Estados Unidos, em 1994, Roberto Baggio, notável atacante da Seleção da Itália, foi encarregado de bater o último pênalti na decisão de pênaltis com o Brasil. Ele errou. Mandou longe. Cobrança muito parecida com a do Vina contra o São Paulo. Com aquele erro, Baggio fez a Itália perder a Copa do Mundo para o Brasil.  

Desperdiçaram 

Também na Copa do Mundo de 1986, na decisão por pênaltis com a França, Sócrates e Júlio César perderam suas cobranças. O craque Platini também perdeu a sua cobrança. Platini escapou da maldição porque a França avançou. Perder pênalti, dependendo das circunstâncias, pode marcar para sempre a trajetória de um vencedor. Bom é para os goleiros: “Vai que é tua Taffarel”. 



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