Os técnicos brasileiros merecem respeito

Apenas fico invocado porque, de repente, os dirigentes dos clubes descobriram que os técnicos brasileiros estão ultrapassados ou velho

Legenda: Jorge Jesus conquistou seis títulos pelo Flamengo e atualmente é treinador do Benfica-POR
Foto: Thiago Gadelha

O modismo no Brasil é incrível. Na onda do sucesso do técnico português Jorge Jesus no Flamengo, logo se criou a opinião de que os treinadores brasileiros estavam superados. Agora, ante o insucesso de Tite na Copa do Mundo e na Copa América, o assunto é trazer técnico de fora para comandar a Seleção Brasileira. O cargo de técnico da Canarinho não é privativo de brasileiros. É aberto. Se Tite cair, o seu substituto poderá vir de qualquer lugar do planeta. Nada de xenofobia, gente. Bem-vindos todos. Apenas fico invocado porque, de repente, os dirigentes dos clubes descobriram que os técnicos brasileiros estão ultrapassados ou velhos. Não se reciclaram. Não se atualizaram. Não se modernizaram. Não isso, não aquilo. Ficaram para trás. E os que encerraram a carreira não deixaram sucessores. Disco disso. Será possível que Leão, Vanderlei Luxemburgo, Falcão, Sebastião Lazaroni, Joel Santana, Dunga, Mano Menezes, Muricy Ramalho, Carlos Alberto Parreira, Abel Braga, Luiz Felipe Scolari, dentre outros, desaprenderam tudo? Evaporou-se o que eles fizeram? Não serviram para nada as experiências por eles adquiridas em tantos anos de batente? Ora, o técnico Jorge Jesus, incensado pela mídia nacional, tem 66 anos de idade. Se fosse brasileiro, diriam certamente que estava velho e ultrapassado. Esses modismos…

Sem xenofobia

A globalização misturou tudo. Jogadores e técnicos são importados e exportados como mercadorias. Negócios de milhões e milhões. Assim está o “Vaivém” como diria no Diário do Nordeste o jornalista Zé Maria Melo na época de sua coluna sobre o movimento no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Não sou contra estrangeiros. Se tiver competência, venha!

Brasileiro na Itália campeã

Muita gente se engana quando pensa que foram os brasileiros da Canarinho de 1958 os primeiros campeões mundiais de futebol nascidos no Brasil. Ora, em 1934, na segunda Copa do Mundo da história, um brasileiro chamado Guarisi Marques, o Filó, sagrou-se campeão pela Itália. Filó atuou como titular na estreia contra os Estados Unidos, com vitória italiana por 7 x 1.

Precursor

Em 1934, quando nem se falava em globalização, o brasileiro Filó já abria as portas da Europa. E fez valer seu talento, ganhando o título mundial. Atuou apenas na estreia. Ficou na reserva nas demais partidas, inclusive a final. Não há como ser contra trazer jogadores ou técnicos de fora, sé em 1934 já havia brasileiro jogando pela Azzurra.

Outros mais

Em 2013, o brasileiro Diego Costa, naturalizado espanhol, atuou várias vezes pela Seleção Espanhola. Coisa recente, na Eurocopa 2021, o brasileiro Jorginho, de pênalti, marcou o gol que levou a Azzurra à decisão com a  Inglaterra. Na Copa de 1962, o brasileiro José Altafini (Mazola), que tinha sido campeão mundial pelo Brasil em 1958, atuou pela Itália. Era a fase embrionária do que hoje chamam de globalização.



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