Olímpicos de volta à terrinha

Atletas são ovacionados agora, mas o reconhecimento deve durar pouco

Foto: AFP

Os eventos internacionais que mais têm o poder mágico de encantar os povos do planeta são as Olimpíadas e as Copas do Mundo de futebol. Mesmo com toda a desgraça da covid e os graves problemas políticos entre as nações, o esporte se sobrepõe nesses períodos. 

Coisa recente, durante um mês, as imagens das medalhas de ouro ornamentaram a glória dos vitoriosos na Olimpíada de Tóquio. Se bem que as medalhas de prata e bronze são também de vitoriosos que chegaram ao pódio. Sim, por quanto tempo dura a glória de um medalhista olímpico? Para o próprio atleta, a vida inteira porque um marco inesquecível de sua superação.

Com relação ao público, alguns vencedores, dos esportes menos populares, logo serão pouco lembrados. Basta fazer um teste agora. Tente lembrar os nomes dos medalhistas brasileiros da Olimpíada de Tóquio 2021? Eles estão de volta à terrinha. A princípio, ovacionados, aplaudidos nas ruas. Depois, apenas nos seus meios de atuação, no caso dos esportes elitizados. 

Importante é que o sonho olímpico não fenece. Renova-se a cada edição. É como diz Charles Chaplin na música Luzes da Ribalta: “O ideal que sempre nos acalentou, renascerá em outros corações”.  

Passeio 

Não faz muito, andei perguntando aos mais jovens sobre Wlamir Marques, Amaury Pasos (assim mesmo com um “s” só), Mosquito, Rosa Branca, Ubiratan, Algodão, base da equipe brasileira de basquete bicampeã mundial (1959, Santiago; 1963, Rio de Janeiro) e bronze em duas olimpíadas (Roma, 1960; Tóquio, 1964). Ninguém sabia dizert. 

Aplaudidos 

A geração de craques do basquete, citada no tópico acima, foi ovacionada nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. E foi também aplaudida no Brasil inteiro. Na década de 1969, vi a Quadra do Ceu, na Avenida da Universidade, superlotada para ver Wlamir e Amaury. Uma loucura. Hoje, pouca gente sabe das glórias e conquistas dos dois.  

Outras glórias 

Também na década de 1960, o boxeador brasileiro, Eder Jofre, ganhou notoriedade. Foi campeão mundial peso galo. Em 1973, voltou a ser campeão mundial, agora na categoria peso pena. Também foi ovacionado, principalmente em São Paulo. O tempo passou. Hoje, fora os meios do boxe, poucos sabem que foi Éder Jofre. Ele mora em São Paulo. Está com 86 anos de idade.

Wimbledon 

A tenista brasileira Maria Esther Bueno encantou o mundo na década de 1960.  Dentre os títulos, três vezes campeão de Wimbledon (1959, 1960 e 1964). Foi declarada campeã mundial em 1959, 1960, 1964 e 1966. Também foi ovacionada pelas quadras do mundo. Hoje, fora o pessoal do tênis, poucos sabem quem foi Maria Esther Bueno. As glórias são passageiras. 



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