O ódio e a guerra das torcidas pernambucanas
Leia a coluna de Tom Barros

Se existe uma cidade que eu admiro é Recife. É linda, com suas pontes, e um povo simpático e generoso. Na década de 1960, fiz de lá as minhas primeiras transmissões interestaduais. Fiquei encantado. Tempo dos saudosos cronistas Gomes Neto, Luiz Cavalcante, Ivan Lima, José Santana, dentre outros famosos.
Havia a rivalidade natural. Não havia ódio. Algumas desavenças logo eram resolvidas. Não conto o número de vezes em que, quer no Arrudão, na Ilha ou nos Aflitos, narrei grandes clássicos entre cearenses e pernambucanos, sem nenhum problema. Agora tenho medo de ir lá.
A insanidade de algumas “organizadas” está enodoando o futebol pernambucano. A agressividade assombra. As medidas até aqui adotadas não resolveram. Imaginei que, após a emboscada de que foi vítima a delegação do Fortaleza, haveria punição exemplar. Não houve.
Agora, diante da barbárie que aconteceu no clássico Santa Cruz x Sport, fico a perguntar: qual será a próxima?
Sem torcida
Logo mais, às 21:30, na Ilha do Retiro, o Fortaleza enfrenta o Sport. Não haverá a presença do torcedor. Pergunto: se tivesse havido punição exemplar após o atentado sofrido pelo Fortaleza em fevereiro de 2024, teriam acontecido as brigas e confusões de sábado passado em Iputinga, Torre e Madalena?
Assustador
Não é apenas em Recife que a violência entre as “organizadas” tem assumido proporções assustadoras. Em todo o Brasil há registros que apavoram os homens de bem e os afastam dos jogos de futebol. E não há, por parte do poder público, uma resposta capaz de colocar um fim em tudo isso.
De sempre
O filme é o mesmo: após uma confusão grave, dentro ou fora dos estádios, as autoridades se manifestam. Há um alvoroço com medidas drásticas, imediatas. Depois relaxam. O tempo passa. O tema cai no esquecimento. E só volta à tona na próxima confusão. Foi assim no atentado ao Fortaleza.
Generalizada
A verdade, nua e crua, é a seguinte: a violência tomou conta do Brasil. É no futebol e fora do futebol. Quem se sente seguro em algum lugar? O medo de sair de casa existe. O medo está estampado no semblante de todos nós. A violência no futebol é apenas um item. E os outros?
Consequências
Vamos ver, daqui a alguns meses, como estarão as “organizadas” que se envolveram nos conflitos de sábado passado em Recife. Se as autoridades fizerem igual ao que fizeram no atentado ao Fortaleza, não vai dar em nada. Vamos mais uma vez comer pizza. E assim caminha a humanidade...