Corria o ano de 1970. Eu trabalhava na Rádio Dragão do Mar, comandada pelo general Almir Macedo de Mesquita. A sede ficava na esquina da Av. Antônio Sales com Av. Estados Unidos, hoje Av. Virgílio Távora. Recebi do chefe do Departamento de Esportes, Gilvan Dias, a missão de cobrir a inauguração do Estádio Mauro Sampaio, o Romeirão, em Juazeiro do Norte. E lá fui eu a bordo de um ônibus da Rápido Juazeiro. Hospedei-me no modesto Hotel Aristocrata. No jogo inaugural, Fortaleza x Cruzeiro de Belo Horizonte, o time mineiro venceu (0 x 3). Foi nessa viagem que conheci vários cronistas de lá. Havia duas emissoras que faziam transmissões de futebol: a Rádio Progresso, então líder de audiência, e a Rádio Iracema. Fiz amizade com Wilton Bezerra (bem magrinho), Jussiê Cunha, Luís Carlos de Lima, João Eudes e Boaventura. Muitos anos depois, Wilton (já bem gordinho), veio trabalhar em Fortaleza. Consolidou sua posição de comentarista. E, por uma dessas coincidências, hoje faz dupla comigo no “A Grande Jogada”, comandado por Antero Neto na TV Diário. O Estádio Romeirão foi demolido, mas ficaram na minha alma as lembranças do primeiro contato com o povo pacato e bom de Juazeiro do Norte.
Viagens
As equipes esportivas de Fortaleza viajavam juntas para Juazeiro do Norte. O ônibus da Rápido Juazeiro saía daqui sábado às 21 horas. Passava a noite viajando. No domingo, após o jogo, a viagem de volta. Depois do Hotel Aristocrata, começaram a surgir os mais modernos: o Municipal, o Panorama, o Juá (preferido porque defronte ao Romeirão) e o moderníssimo Verde Vale.
Sufoco
Um dos piores trabalhos profissionais que fiz foi numa transmissão ao vivo pela TV Diário direto do Romeirão. Jogo Icasa x Ceará, decidindo um turno. Não lembro o ano. Pequei um “delay” extremo. Um retardo fora do comum. Som e imagem não casavam. Não consegui me concentrar. Só Deus sabe a agonia que vivi. Suportei calado as pesadas críticas. Foi horrível.
Arena
Agora vem a Arena Romeirão. Um estádio moderno, multiuso. A nova praça esportiva oferecerá mais conforto aos desportistas. É bonita com suas linhas arquitetônicas avançadas. Bela obra da Engenharia. Mas nada será igual ao Romeirão antigo, cenário de tantos encontros memoráveis. O Romeirão que recebeu Garrincha, Pelé e tantos outros ídolos. Sou saudosista.
Voltas da vida
Em 1970, quando conheci Juciê Cunha, jamais imaginei que tantos anos depois eu iria trabalhar com seus filhos Antero Neto e Jussiê Cunha Filho, que souberam manter a competência e o profissionalismo do pai. Jussiê Cunha foi um homem de caráter, digno, de postura moral sólida e exemplar. Vida que segue.